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Este artigo analisa as forças centrífugas que organizam a epopeia de Camões, asseguram a vitória sobre os obstáculos representados ou referidos pelo Velho do Restelo, Gigante Adamastor e Baco, e coroam o desfecho da narração do poema,... more
Este artigo analisa as forças centrífugas que organizam a epopeia de Camões, asseguram a vitória sobre os obstáculos representados ou referidos pelo Velho do Restelo, Gigante Adamastor e Baco, e coroam o desfecho da narração do poema, ocorrido na “ilha namorada”, quando Vasco da Gama e seus companheiros se unem às ninfas e consumam a simbiose entre homens e “aquáticas donzelas”, filhas do Oceano. Propõe-se uma leitura retórico-poética d’Os Lusíadas (1572), avessa aos critérios românticos, psicológicos, burgueses e ilustrados que naturalizam tabus e paradigmas incompatíveis com as práticas letradas portuguesas do século XVI.

This article analyzes the centrifugal forces that organize Camões’ epic, ensure victory over the obstacles represented or referred to by Velho do Restelo, Gigante Adamastor and Baco, and crown the ending of the poem’s narration. This outcome occurs on the “ilha namorada”, when Vasco da Gama and their companions unite with the nymphs and consummate the symbiosis between men and “aquáticas donzelas”, daughters of the Ocean. We propose a rhetorical-poetic reading of The Lusiads (1572) contrary to the romantic, psychological, bourgeois and enlightened criteria that naturalize taboos and paradigms incompatible with Portuguese literate practices of the 16th century.
Referência bibliográfica: LACHAT, Marcelo. Os monstros da sátira bocagiana. In: MOREIRA, Marcello (org.). A memória na ordem do escrito: das práticas letradas dos séculos XVI e XVIII à literatura moderna. São Paulo: Intermeios, 2021, p.... more
Referência bibliográfica:
LACHAT, Marcelo. Os monstros da sátira bocagiana. In: MOREIRA, Marcello (org.). A memória na ordem do escrito: das práticas letradas dos séculos XVI e XVIII à literatura moderna. São Paulo: Intermeios, 2021, p. 91-110.
Resumo: Este trabalho discute o gênero da primeira parte do "Compêndio Narrativo do Peregrino da América" (1728), de Nuno Marques Pereira. Com base nos indícios que se encontram nessa obra de ficção em prosa do século XVIII, propõe-se... more
Resumo:
Este trabalho discute o gênero da primeira parte do "Compêndio  Narrativo do Peregrino da América" (1728), de Nuno Marques Pereira. Com base nos indícios que se encontram nessa obra de ficção em prosa do século XVIII, propõe-se que ela consiste em uma "história fingida", conforme a concepção desse gênero de história que se esboça no diálogo I de "Corte na Aldeia" (1619), de Francisco Rodrigues Lobo. Não tendo a pretensão de definir tal gênero (ou espécie), este artigo apresenta considerações que visam contribuir para uma leitura crítica do "Peregrino da América" adequada às letras portuguesas e luso-brasileiras da primeira metade do Setecentos.

Abstract:
This paper discusses the genre of the first part of the "Narrative Compendium of the Pilgrim of America" (1728), by Nuno Marques Pereira. Based on the evidence found in this eighteenth-century prose fiction work,  it is proposed that it consists of a "pretended history", according to the conception of this genre of history that is outlined in the dialogue I of "Court in the Village" (1619), by Francisco Rodrigues Lobo. Having no intention of defining this genre (or species), this article presents considerations that aim to contribute to a critical reading of the "Pilgrim of America" appropriate to the Portuguese and Luso-Brazilian literate practices of the early 18th century.
Neste artigo, discute-se a peça "A Paixão de Ajuricaba" – escrita por Márcio Souza e encenada, pela primeira vez, em 1974 – à luz dos eventos relacionados aos duros combates entre os invasores portugueses e os Manaús, no vale do Rio... more
Neste artigo, discute-se a peça "A Paixão de Ajuricaba" – escrita por Márcio Souza e encenada, pela primeira vez, em 1974 – à luz dos eventos relacionados aos duros combates entre os invasores portugueses e os Manaús, no vale do Rio Negro, entre 1723 e 1728. As ações das personagens sugerem que essa obra é um marco na representação menos idealizada dos indígenas, que ganham voz própria.
Verbete sobre "anti-imperialismo" publicado no "Dicionário dos Antis: a cultura brasileira em negativo", obra organizada por Luiz Eduardo Oliveira e José Eduardo Franco (Campinas: Pontes, 2021, p. 380-383).
Resumo: Caim, romance de José Saramago publicado em 2009, consiste numa paródia de diversos episódios do Antigo Testamento, em particular, como evidencia seu título, da trágica história bíblica do primogênito de Adão e Eva e... more
Resumo:
Caim, romance de José Saramago publicado em 2009, consiste numa paródia de diversos episódios do Antigo Testamento, em particular, como evidencia seu título, da trágica história bíblica do primogênito de Adão e Eva e irmão-assassino de Abel. Essa narrativa saramaguiana reescreve, cômica e ironicamente, as Escrituras para dessacralizá-las. Assim, este artigo pretende demonstrar que tal reescrita é, entre outras coisas, uma contundente crítica à moral judaico-cristã. Isso porque, nessa obra do escritor português, Caim é figurado não como o infame e cruel homicida do seu próprio irmão, mas como um homem honesto que, oprimido entre o mal e o bem e cansado das injustiças divinas, revolta-se contra a crueldade de Deus. 

Abstract:
Cain, a novel by José Saramago published in 2009, consists of a parody of several episodes of the Old Testament, in particular, as evidenced by its title, of the tragic biblical story of the firstborn of Adam and Eve and brother-murderer of Abel. This Saramaguian narrative rewrites, comically and ironically, the Scriptures to desecrate them. Thus, this paper aims to demonstrate that such a rewriting is, among other things, a strong criticism of Judeo-Christian morality. That is because, in this work by Saramago, Cain is depicted not as the infamous and cruel murderer of his own brother, but as an honest man who, oppressed between evil and good and tired of divine injustices, revolts against the cruelty of God.
Resumo: No acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, encontra-se um manuscrito seiscentista das "Saudades de Lídia e Armido", poema composto de 158 oitavas e atribuído a Bernardo Vieira Ravasco (c. 1617-1697), irmão do Padre... more
Resumo:
No acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, encontra-se um manuscrito seiscentista das "Saudades de Lídia e Armido", poema composto de 158 oitavas e atribuído a Bernardo Vieira Ravasco (c. 1617-1697), irmão do Padre Antônio Vieira. Neste artigo, busca-se evidenciar a importância desse manuscrito para a historiografia das letras luso-brasileiras do século XVII.

Abstract:
In the collection of the Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin,
there is a 17th century manuscript of 'Saudades de Lídia e Armido', poem composed of 158 octaves and attributed to Bernardo Vieira Ravasco (c.1617-1697), Father Antonio Vieira’s brother. In this paper, we try to highlight the importance of this manuscript for the historiography of 17th century Luso-Brazilian literature.
Resumo: Em "As intermitências da morte", obra de José Saramago publicada em 2005, relata-se uma fábula paródica, irônica e alegórica, cuja personagem central é a própria morte, ou melhor, a “pequena morte cotidiana” das pessoas de um país... more
Resumo:
Em "As intermitências da morte", obra de José Saramago publicada em 2005, relata-se uma fábula paródica, irônica e alegórica, cuja personagem central é a própria morte, ou melhor, a “pequena morte cotidiana” das pessoas de um país não nomeado. Tal relato se inicia com estas palavras: “No dia seguinte ninguém morreu”. Então, a partir de 1º de janeiro de um ano qualquer, não se morre mais naquele país. Assim, para discutir essa obra, propõe-se desenvolver neste artigo algo que ela mesma insinua: sua relação com o capítulo XX do livro I, dos Ensaios de Montaigne, intitulado “Que filosofar é aprender a morrer”. Pretende-se mostrar, enfim, que, nessa “inverídica história sobre as intermitências da morte”, fabular é aprender a morrer.

Abstract:
In  "Death  with  interruptions",  a  work  by  José Saramago first published in 2005, it is narrated a parodic, ironic and allegorical fable, whose main character is death itself, or  rather,  the  “quotidian  small  death”  of  people  from  an  unnamed  country.  This  narration  begins  with  the  following  words: “The next day no one died”. Then, from  January  1st  of  an  unknown  year,  nobody  dies  in  that  country  anymore.  Thus, in order to discuss this fabled story, we  propose  to  develop  something  that  the  narrative  itself  suggests:  its  relation  with  Chapter  20,  Book  I,  of  Montaigne’s Essays,  entitled  “That  to  philosophize  is  to learn how to die”. Finally, we intend to demonstrate  that,  in  this  “untrue  story  about interruptions of death”, to fabulate is to learn how to die.
O propósito deste artigo é discutir a concepção de tempo na História do cerco de Lisboa (1989), de José Saramago. Para tanto, a partir da leitura do romance, recorre-se a considerações filosóficas – de Agostinho, Kant, Nietzsche, Bergson,... more
O propósito deste artigo é discutir a concepção de tempo na História do cerco de Lisboa (1989), de José Saramago. Para tanto, a partir da leitura do romance, recorre-se a considerações filosóficas – de Agostinho, Kant, Nietzsche, Bergson, Cioran e Koselleck – sobre tempo e história. Pretende-se, assim, evidenciar e analisar os estratos temporais dessa História saramaguiana com base nas relações entre ficção e filosofia.
Este estudo objetiva compreender como o espaço urbano da cidade de Nova York, na narrativa de Will Eisner, torna-se matéria de fabulação em constructos narrativos que evocam uma entidade de urbe, matizada pela soma de representações... more
Este estudo objetiva compreender como o espaço urbano da cidade de Nova York, na narrativa de Will Eisner, torna-se matéria de fabulação em constructos narrativos que evocam uma entidade de urbe, matizada pela soma de representações simbólicas que lhe são ulteriores, gerando mecanismos coletivos de identificação e pertencimento, no ato de rememorar e na articulação de signos na conjugação de subjetivismos e coletividade.
Research Interests:
Artigos científicos - Articles scientifiques - Articles - Artículos científicos DOSSIÊ - DOSSIER Soror Maria de Mesquita Pimentel e o épico Sister Maria de... more
Artigos científicos - Articles scientifiques - Articles - Artículos científicos                                                                              DOSSIÊ - DOSSIER

Soror Maria de Mesquita Pimentel e o épico
Sister Maria de Mesquita Pimentel and the epic poem
A PERSONAGEM DE JOSÉ NO MEMORIAL DA INFÂNCIA DE CRISTO E TRIUNFO DO DIVINO AMOR DE SOROR MARIA DE MESQUITA PIMENTEL - Anne-Marie Quint

QUOD SCRIPSI, SCRIPSI: UMA APROXIMAÇÃO POSSÍVEL ENTRE SOROR PIMENTEL E JOSÉ SARAMAGO - Carolina Lopes Batista

DAMSELS AND DEITIES: FOREGROUNDING THE FEMININE IN SISTER MARIA DE MESQUITA PIMENTEL'S MEMORIAL DOS MILAGRES DE CRISTO E TRIUNFO DO DIVINO AMOR - Chris Gerry e Fabio Mario da Silva

SOBRE O EPISÓDIO DA VISITAÇÃO DOS MAGOS NO MEMORIAL DA INFÂNCIA DE CRISTO, DE SOROR MARIA DE MESQUITA PIMENTEL 
- Henrique Samyn

MARIA DE MESQUITA PIMENTEL: MÉMORIA DA CARNE, LEMBRANÇA DE HUMANIDADE - Maria do Socorro Fernandes de Carvalho

Artigos científicos - Articles scientifiques - Articles - Artículos científicos                                                            SEÇÃO LIVRE - SECTION LIBRE
         
DA ÉPICA À FILOSOFIA. ENTRE GONÇALO M. TAVARES E AGOSTINHO DA SILVA - Maria Celeste Natário

EM TORNO DO ÉPICO: CONTRIBUIÇÕES TÉORICAS DE KELLER, GOYET E GANCEDO: Tatianne Santos Dantas

Resenha - Reseña - Revue critique - Critical revew                                                         
         
A HEROICIZAÇÃO DE CRISTO, SEGUNDO SOROR MARIA DE MESQUITA PIMENTEL - Jean Pierre Chauvin

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MEMORIAL DOS MILAGRES DE CRISTO E TRIUNFO DO DIVINO AMOR, POEMA ÉPICO DE SOROR MARIA DE MESQUITA PIMENTEL - Marcelo Lachat
Resenha - Reseña - Revue critique - Critical revew                                                         
         
O ANACRONISMO NA INVOCAÇÃO DA OBRA OS BRASIS, DE FRANCISCO DE MELLO FRANCO - Luana Santana
Em busca das histórias (e não da História) inseridas nos diferentes tempos em que se inscrevem Os lusíadas (1572), de Luís de Camões, e Uma viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, configura-se este artigo, incapaz de atualizar a... more
Em busca das histórias (e não da História) inseridas nos diferentes tempos em que se inscrevem Os lusíadas (1572), de Luís de Camões, e Uma viagem à Índia (2010), de Gonçalo M. Tavares, configura-se este artigo, incapaz de atualizar a epopeia camoniana que hoje consiste em uma assombrosa ruína letrada do século XVI e que perdura na obra de Tavares somente como estrato recoberto de paródia, de ironia e de melancolia contemporânea. Entre Os lusíadas e Uma viagem à Índia, propõe-se este trabalho - não como ponte, mas como abismo, no qual se dissolvem poesia épica e história.
Resumo: Este trabalho propõe-se a discutir dois textos: a relação intitulada "Nuevo descubrimiento del gran Río de las Amazonas" (1641), de Cristóbal de Acuña, e a epopeia "Viagem" (1746), de Pedro de Santo Eliseu. As discussões... more
Resumo:
Este trabalho propõe-se a discutir dois textos: a relação intitulada "Nuevo descubrimiento del gran Río de las Amazonas" (1641), de Cristóbal de Acuña, e a epopeia "Viagem" (1746), de Pedro de Santo Eliseu. As discussões propostas baseiam-se em preceptivas retóricas e poéticas e em concepções teológico-políticas pertinentes aos Impérios espanhol e português dos séculos XVI a XVIII. Assim, pretende-se evidenciar que, naquela relação do padre jesuíta espanhol e nesta epopeia do frade carmelita português, as representações do Rio das Amazonas são feitas de história, poesia e política, visando à concórdia entre os membros do corpo místico do Reino.

Abstract:
In this paper, we propose to discuss two texts: Cristóbal de Acuña’s “relación" entitled Nuevo descubrimiento del gran Río de las Amazonas (1641) and Pedro de Santo Eliseu’s epic poem Viagem (1746). These discussions are based on rhetorical and poetic precepts and on theological-political conceptions pertinent to the Spanish and Portuguese Empires of the 16th, 17th and 18th centuries. Thus, it is intended to show that, in the travel report of the Spanish Jesuit priest Acuña and in the epic poem of the Portuguese Carmelite friar Eliseu, the “River of the Amazons” representations are made of history, poetry and politics, aiming at the concord between the members of Kingdom’s mystical body.
Resumo: Nas letras portuguesas e luso-brasileiras dos séculos XVI a XVIII, embora sejam consistentes a produção e a circulação de textos de história, as preceptivas específicas acerca do gênero histórico são escassas. Tendo em vista essa... more
Resumo:
Nas letras portuguesas e luso-brasileiras dos séculos XVI a XVIII, embora sejam consistentes a produção e a circulação de textos de história, as preceptivas específicas acerca do gênero histórico são escassas. Tendo em vista essa escassez normativa, este artigo propõe-se a discutir, brevemente, em que consiste a arte histórica entre o Quinhentos e o Setecentos. A partir dessa discussão de preceitos-em particular, dos retóricos referentes à ars narrandi-, analisa-se, então, como se narra a História do Brasil composta, na primeira metade do século XVII, por frei Vicente do Salvador.

Abstract:
In Portuguese and Luso-Brazilian letters from the 16th to the 18th centuries, even though the production and circulation of history texts are consistent, specific precepts about the historical genre are scarce. In view of this normative scarcity, this paper proposes to briefly discuss the historical art between the sixteenth and eighteenth centuries. From this discussion of precepts-in particular, by the rhetoricians referring to the ars narrandi-, it is analyzed, then, how the History of Brazil composed, in the first half of the 17h century, by friar Vicente do Salvador is narrated.
Este trabalho consiste em uma discussão acerca das noções de “letras” e de “literatura”, construídas historicamente sobre continuidades letradas e descontinuidades literárias. Pretende-se, assim, compreender melhor as especificidades das... more
Este trabalho consiste em uma discussão acerca das noções de “letras” e de “literatura”, construídas historicamente sobre continuidades letradas e descontinuidades literárias. Pretende-se, assim, compreender melhor as especificidades das práticas letradas dos séculos XVI, XVII e XVIII em Portugal e na América portuguesa, a fim de que esses textos não sejam lidos fora do tempo ou apenas a partir de uma única concepção temporal: a da modernidade literária com seus anseios de ruptura.
Resumo: Neste artigo, discutem-se os Sermões de Quarta-Feira de Cinzas do Padre Antônio Vieira, destacando-se neles a arte estoico-cristã do saber morrer. Isso porque, nesses três sermões, centrados na passagem bíblica “és pó e em pó te... more
Resumo: Neste artigo, discutem-se os Sermões de Quarta-Feira de Cinzas do Padre Antônio Vieira, destacando-se neles a arte estoico-cristã do saber morrer. Isso porque, nesses três sermões, centrados na passagem bíblica “és pó e em pó te tornarás” (Gênesis, 3: 19), evidenciam-se preceitos estoicos – em particular de Sêneca – mesclados à doutrina cristã, que visam, por meio de ponderações sobre a morte, pautar o comportamento dos vivos. Assim, pretende-se demonstrar que nos Sermões de Cinzas de Vieira, o saber morrer é uma arte cujos preceitos devem ser aprendidos e praticados, tendo como uma de suas principais fontes a filosofia estoica. Se nessa ars, como preceitua Sêneca, “a vida toda é um aprender a morrer” (De Breuitate Vitae VII, 3-4), as agudas cinzas dos sermões de Vieira são luzes da morte e sombras da vida, sempre a lembrar: memento homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris. Enfim, o pó é escarmento vivo e constante da morte.
Palavras-chave: Letras luso-brasileiras; Séculos XVI e XVII; Padre Antônio Vieira; Sêneca; Doutrina estoico-cristã; Arte de morrer.
RESUMO: Neste artigo, discutem-se relevantes ecos da lírica profana galego-portuguesa na poesia lírico-amorosa produzida em Portugal no século XVII. Visando a esse objetivo principal, são ressaltadas algumas especificidades tanto da... more
RESUMO: Neste artigo, discutem-se relevantes ecos da lírica profana galego-portuguesa na poesia lírico-amorosa produzida em Portugal no século XVII. Visando a esse objetivo principal, são ressaltadas algumas especificidades tanto da lírica dos trovadores quanto da poesia dos anos Seiscentos: em particular, o caráter fundamentalmente musical das cantigas contraposto ao fundamentalmente escrito dos poemas seiscentistas. Assim, essa contraposição indica que são composições de tempos diferentes (predominantemente, dos séculos XIII e XVII) e com concepções poéticas diversas. No entanto, são composições que também se aproximam em muitos aspectos e cujas semelhanças, em especial quando se trata do gênero lírico, apontam para similares buscas da perfeita prática do amor, delineando “artes de amar” entendidas como preceitos técnico-amorosos que, não sistemáticos, são praticados em poesia. Neste trabalho, pretende-se mostrar que esses amores poéticos são elaborados tecnicamente e, enquanto construtos históricos, são diversos, porque marcados pelos seus peculiares momentos de realização, mas que não são amores isolados no tempo. Como já mencionado, se as cantigas do trovar são essencialmente musicais, os poemas seiscentistas, conforme a preceptiva poética predominante no século XVII, são essencialmente escritos; porém, nestes cantos escritos ressoam aquelas cantigas e, nuns e noutras, leem-se e ouvem-se semelhantes preceitos de amar, como em labirintos sem saída de ecos de amor.
PALAVRAS-CHAVE: literatura portuguesa; poesia seiscentista; lírica galego-portuguesa; artes de amar.
Resumo: Na poesia lírica amorosa produzida em Portugal e na " América Portuguesa " no século XVII, encontra-se, frequentemente glosada, a tópica " viver morrendo e vivendo morrer " , com a qual se indicam pungentes contradições do amor... more
Resumo: Na poesia lírica amorosa produzida em Portugal e na " América Portuguesa " no século XVII, encontra-se, frequentemente glosada, a tópica " viver morrendo e vivendo morrer " , com a qual se indicam pungentes contradições do amor humano, sendo ele próprio vida morta e morte viva. Partindo de comentários de Manuel de Faria e Sousa sobre a lírica camoniana, nos quais o comentador cristaliza esse topos poético nos anos Seiscentos, este artigo apresenta e discute possíveis fontes poéticas, retóricas e filosóficas que contribuem para uma melhor compreensão dessa recorrente tópica amorosa da poesia seiscentista portuguesa e luso-brasileira. Palavras-chave: Poesia lírica. Século XVII. Topos poético-amoroso.
Resumo: Neste artigo, discute-se a presença da filosofia estoica em tratados morais dos séculos XVI e XVII, em especial, de Justo Lípsio e Francisco de Quevedo. Pretende-se ressaltar, assim, que os ecos estoicos repercutidos em textos... more
Resumo: Neste artigo, discute-se a presença da filosofia estoica em tratados morais dos séculos XVI e XVII, em especial, de Justo Lípsio e Francisco de Quevedo. Pretende-se ressaltar, assim, que os ecos estoicos repercutidos em textos quinhentistas e seiscentistas (que não se restringem aos tratados morais desses autores, pois esses ecos são notados em diversas obras de diferentes gêneros filosóficos, retóricos e poéticos) adquirem contornos cristãos. E dessa conciliação (muitas vezes crítica) entre filosofia estoica e religião cristã resulta uma doutrina estoico-cristã, entendida não como um " sistema filosófico-religioso " , mas como um conjunto de preceitos (não " sistemáticos ") que visam iluminar, com exempla estoicos, o viver cristão. Palavras-chave: séculos XVI e XVII; doutrina estoico-cristã; Justo Lípsio; Francisco de Quevedo.
Resumo: Este artigo tem por objetivo discutir as concepções de "estilo lírico" e "conceito" em preceptivas retórico-poéticas do século XVII. Diante da escassez normativa que regula a poesia lírica nos anos Seiscentos, a discussão sobre as... more
Resumo: Este artigo tem por objetivo discutir as concepções de "estilo lírico" e "conceito" em preceptivas retórico-poéticas do século XVII. Diante da escassez normativa que regula a poesia lírica nos anos Seiscentos, a discussão sobre as noções de estilo e conceito pode contribuir para uma melhor compreensão de tal gênero. Como se demonstrará neste trabalho, com base em tratados retóricos e poéticos, lírico é o estilo que, na produção retórico-poética seiscentista, é feito agudo caule que sustenta cultas flores. Palavras-chave: Poesia Lírica; Século XVII; Poéticas; Retóricas.
Resumo: Este artigo tem por objetivo discutir algumas especificidades do gênero lírico na produção retórico-poética seiscentista, focando-se, em particular, na lírica amorosa portuguesa do século XVII. Mesmo diante da escassez normativa... more
Resumo: Este artigo tem por objetivo discutir algumas especificidades do gênero lírico na produção retórico-poética seiscentista, focando-se, em particular, na lírica amorosa portuguesa do século XVII. Mesmo diante da escassez normativa que regula esse gênero nos anos Seiscentos, o que se busca mostrar é a importância da preceptiva retórico-poética para uma melhor compreensão da poesia lírica amorosa, pautada pela imitação e que visa não apenas deleitar seus ouvintes ou leitores, mas também instruí-los sobre amores virtuosos e viciosos. Assim, trata-se (como pretende demonstrar este trabalho) de uma poesia que deleita ensinando ou ensina deleitando, com o intuito de mover afetos para purgar paixões, tendo como ideia o verdadeiro e perfeito amor. Palavras-chave: Delectare. Docere. Imitação. Poesia lírica amorosa. Século XVII.
Resumo: "Os Infortúnios trágicos da constante Florinda", de Gaspar Pires de Rebelo, foram publicados em 1625. Devido ao sucesso alcançado pelo texto, veio a público, em 1633, uma continuação intitulada "Segunda parte da Constante... more
Resumo: "Os Infortúnios trágicos da constante Florinda", de Gaspar Pires de Rebelo, foram publicados em 1625. Devido ao sucesso alcançado pelo texto, veio a público, em 1633, uma continuação intitulada "Segunda parte da Constante Florinda, em que se trata dos infortúnios que teve Arnaldo buscando-a pelo mundo". A Constante Florinda (esse é o título pelo qual as duas partes da obra, em conjunto, ficaram conhecidas), muito lida nos séculos XVII e XVIII, foi praticamente esquecida nos séculos seguintes. Este artigo busca demonstrar que o proveito da narração dos infortúnios de Florinda e Arnaldo ecoa os ensinamentos da doutrina estoico-cristã dos séculos XVI e XVII, difundida por autores como Justo Lípsio e Francisco de Quevedo. Assim, analisando-se trechos da Constante Florinda, espera-se evidenciar que sua narração já é doutrina, pois mostra aos leitores, com exempla estoicos, os caminhos (trágicos) do viver cristão.
Palavras-chave: Literatura Portuguesa; Séculos XVI e XVII; Constante Florinda; Filosofia Estoica.
O e-book "Projetos integrados para o ensino de literaturas de língua portuguesa" consiste no oitavo de um total de dez volumes da coleção intitulada "Literaturas de Língua Portuguesa: Identidades, Territórios e Deslocamentos: Brasil,... more
O e-book "Projetos integrados para o ensino de literaturas de língua portuguesa" consiste no oitavo de um total de dez volumes da coleção intitulada "Literaturas de Língua Portuguesa: Identidades, Territórios e Deslocamentos: Brasil, Moçambique e Portugal, diferentes olhares", publicação adaptada do material didático do curso de pós-graduação lato sensu homônimo, ofertado pela UAB/UNIFESP.
Este livro apresenta o estudo e a edição das inéditas Saudades de Lídia e Armido, longo poema (com 158 oitavas em versos hendecassílabos) atribuído a Bernardo Vieira Ravasco (c.1617-1697) em dois manuscritos: um, do século XVII,... more
Este livro apresenta o estudo e a edição das inéditas Saudades de Lídia e Armido, longo poema (com 158 oitavas em versos hendecassílabos) atribuído a Bernardo Vieira Ravasco (c.1617-1697) em dois manuscritos: um, do século XVII, depositado na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin em São Paulo e outro, do século XVIII, na Biblioteca da Ajuda em Lisboa. Este segundo faz parte de uma das miscelâneas poéticas manuscritas que, compiladas por Antônio Correia Vianna no século XVIII em Portugal, são fontes valiosas e pouco exploradas da poesia seiscentista portuguesa e luso-brasileira. Para estudar e editar essas Saudades nunca impressas, foram adotados e discutidos critérios de edição, leitura e análise que visaram menos a uma sempre suposta “autenticidade autoral” do texto do que à sua “autoridade”, por ser a auctoritas uma noção mais condizente com as práticas letradas dos séculos XVII e XVIII em Portugal e na América Portuguesa. Assim, com esta publicação, pretende-se contribuir para um melhor conhecimento, divulgação e discussão da história e das letras luso-brasileiras do século XVII, em particular de sua poesia e de suas preceptivas retórico-poéticas. Outro propósito deste trabalho, tendo em vista a excelência daquelas agudas Saudades que lhe são atribuídas, é tentar recuperar a autoridade poética de Bernardo Ravasco, muitas vezes deixado pelos pesquisadores à sombra de seu célebre irmão, o Padre Antônio Vieira. Isso porque Bernardo, além de importante persona política da América Portuguesa no Seiscentos, tendo ocupado o alto cargo de “Secretário do Estado do Brasil” (1646-1697), teria sido também, segundo fontes seiscentistas e setecentistas, um excelente poeta, mas cuja obra poética foi (e ainda é) muito pouco conhecida e comentada, pois dela quase nada se publicou. Portanto, o estudo e a edição dessas manuscritas Saudades de Lídia e Armido, pertencentes ao corpus poético de Bernardo Vieira Ravasco, visam proporcionar a esse poeta-autoridade que, de sombra Antônio, se faça luzeiro Bernardo das ainda mal avistadas letras luso-brasileiras do século XVII.

http://www.alamedaeditorial.com.br/todos-os-livros/saudades-de-lidia-e-armido-poema-atribuido-a-bernardo-vieira-ravasco-estudo-e-edicao
Esta obra nasceu de um intento ousado: é fruto do convite a professores-pesquisadores consolidados no campo acadêmico que, não raras vezes, serviram e servem de fonte para as pesquisas realizadas por nós, organizadores da coletânea. Ela... more
Esta obra nasceu de um intento ousado: é fruto do convite a professores-pesquisadores consolidados no campo acadêmico que, não raras vezes, serviram e servem de fonte para as pesquisas realizadas por nós, organizadores da coletânea. Ela é, portanto, diálogo entre a nossa admiração e a generosidade dos autores que a compõem.

Assim originado, este livro tem como foco discussões sobre ficção e memória em diferentes “tempos”, abarcando questões de poética, retórica e literatura, mas sem a preocupação de uma historiografia literária tradicional ou de supostas continuidades ou rupturas cronológicas. Embora com um tema geral definido, esta obra é composta por textos que discorrem, livremente, acerca de assuntos específicos escolhidos pelos autores. Por isso, não apresentamos cada um desses textos, mas convidamos à sua leitura, pois resumi-los, parafraseá-los ou
comentá-los seria limitar o alcance de suas próprias apresentações. Também por isso, dispomos os estudos seguindo, tão somente, a ordem alfabética dos nomes dos autores.

"Ficção e Memória: Estudos de Poética, Retórica e Literatura" é, enfim, uma coletânea de textos que se organiza pelas leituras que dela, em conjunto, possam ser feitas e pelas relações que entre eles possam (ou não) ser observadas. Daí a necessária brevidade destas nossas palavras iniciais, para que os estudos que se seguem, livres, falem por si.