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Bluey é divertido para as crianças, mas pais também têm se emocionado com o desenho

Produção australiana se tornou fenômeno global com brincadeiras divertidas e recados para os adultos

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São Paulo

Numa casa colorida no topo de uma colina em Brisbane, na Austrália, vive uma família que vem dando o que falar: os Heelers, estrelas da animação australiana Bluey.

No desenho, Bluey é uma cadelinha da raça australian cattle dog de 6 anos que inventa muitas brincadeiras com sua irmã mais nova, Bingo, seu pai, Bandit, e sua mãe, Chilli.

Imagem do desenho Bluey, exibido no Disney+ - Reprodução/Ludo Studio

Nada além do esperado para um desenho animado voltado para crianças pequenas. Mas o burburinho em torno de Bluey vem de sua capacidade de retratar, entre uma rodada e outra de esconde-esconde, "vovózinhas" ou "xilofone mágico", em episódios de apenas sete minutos, momentos reais da vida adulta e de como podem ser as mães e os pais.

À primeira vista, os pais de Bluey —em particular Bandit— têm uma paciência infinita para brincar, criatividade de sobra para mergulhar nos mundos inventados pelas crianças, e muita disposição para correr para lá e para cá atrás delas.

Mas basta prestar atenção para encontrar pequenos sinais que o desenho dá aos pais e mães da vida real: uma paradinha na brincadeira para olhar o placar do jogo na televisão, aquela espiada no celular quando as crianças se distraem sozinhas, aquele cansaço depois da festa de Ano Novo.

O episódio "Lagartixa Grudenta", da segunda temporada, é feito sob medida para pais ou mães que já tentaram sair de casa no horário com todas as crianças penteadas e de dentes escovados —quem é criança sabe que às vezes isso não é fácil.

Esses pequenos recados para os pais podem até fazer chorar: "Acampamento" surpreende o espectador com um salto para o futuro, ao apresentar uma Bluey adolescente reencontrando um amigo que não via há anos. "Apresentação" tem uma única troca de olhares entre os pais que levou às lágrimas o apresentador do podcast Pop Culture Happy Hour, Stephen Thompson. E olha que ele tem 51 anos.

Nada dessas coisas de que os adultos gostam afeta a diversão das crianças que assistem ao desenho. A paulistana Nina O., 7 anos, não vê muito motivo para se emocionar com Bluey. "Eu gosto quando a Chilli dá bronca no Bandit", diz ela, se divertindo com a ideia de um papai que apronta muito (o dela, afirma, é menos bagunceiro).

Das brincadeiras inventadas pelas personagens, conta que já brincou de "caça ao rato" —em que um "gato" caça a luz de uma lanterna—, como visto em "Babá em Dobro", episódio que um adulto pode interpretar como uma comédia romântica em miniatura.

Essa capacidade de comunicar coisas diferentes a pais e crianças ao mesmo tempo tornou a série criada por Joe Brumm num fenômeno global de U$ 2 bilhões, de acordo com o site de notícias econômicas Bloomberg.

Há brinquedos, roupas e uma peça de teatro, além dos direitos de exibição —no Brasil e na maior parte do mundo, licenciados pela Disney+. Dois discos já foram lançados com as músicas compostas especialmente para cada episódio por Joff Bush, e há livros com versões em áudio lidos por artistas famosos.

Há dois anos que o tradicional desfile do Dia de Ação de Graças, em Nova York, tem um balão gigante da Bluey de quase 16 metros de altura, com direito até a uma bexiga vermelha como a do episódio "Manter no Alto".

No TikTok, a hashtag #blueytok tem 75,6 mil postagens, muitas delas de adultos emocionados. De acordo com a Nielsen, empresa especializada em medição de audiências, em 2023 foram assistidos 43,9 bilhões de minutos de Bluey só nos Estados Unidos —um dia tem 1.440 minutos. Isso equivale a mais de 83 mil anos ininterruptos!

No Brasil, a série tem 152 episódios disponíveis na Disney+, incluindo um especial, "A Placa", de 28 minutos.

Há algum mistério em torno do futuro de "Bluey" —as crianças que fazem as vozes das personagens em inglês estão crescendo, e Joe Brumm ainda não decidiu (ou contou) como pretende lidar com isso.

Na semana passada, foram anunciados 20 novos miniepisódios de um a três minutos cada um, com histórias que destacam "momentos engraçados e doces" de Bluey e Bingo, "interações brincalhonas e jogos que exploram ainda mais os personagens e o mundo de ‘Bluey’".

Mas a Disney+ no Brasil não confirma ainda se e quando trará esses episódios.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e adultos com a criança

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