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    Estudo descreve a personalidade de quem se recusa a usar máscaras

    As pessoas que relutam em usar máscaras e que desafiam as normas de prevenção teriam mais características associadas a transtornos de personalidade antissocial

    Pessoas com máscaras faciais caminham em rua de comércio popular em São Paulo durante pandemia de Covid-19
    Pessoas com máscaras faciais caminham em rua de comércio popular em São Paulo durante pandemia de Covid-19 Foto: Amanda Perobelli/Reuters (15.jul.2020)

    Dr. Elmer Huerta,

    da CNN

    O uso de máscaras é um método recomendado por especialistas para o controle da pandemia do coronavírus. No entanto, há pessoas que relutam em usá-la. 

    Um estudo no Brasil teve como objetivo delinear os traços de personalidade dessas pessoas que se opõem às máscaras e constatou que elas têm um perfil antissocial. Num podcast da CNN Español, o médico peruano Elmer Huerta, consultor da CNN, analisou a pesquisa. 

    “Uma notícia publicada na terça-feira no jornal The Washington Post me chamou a atenção. Ela trata do fato de que algumas pessoas em alguns estados dos Estados Unidos relutam em usar máscara, apesar de a epidemia estar afetando gravemente suas regiões. Um desses estados é a Dakota do Norte. 

    De acordo com o doutor Christopher Murray, diretor do Instituto de Medição e Avaliação da Saúde da Universidade de Washington, citado no artigo do Washington Post, menos de 50% das pessoas usam máscara em Dakota do Norte, embora o estado tenha registrado na última semana um dos maiores números de mortes por Covid-19 no mundo em relação ao seu número de habitantes. 

    Na opinião do doutor Murray, deveria ser o contrário: quanto mais casos de uma doença ocorrem em um local, mais as pessoas reagem e mudam seu comportamento. Nesse caso, a expectativa seria que, conforme aumentassem as infecções, internações e mortes em uma região, as pessoas usassem máscaras em maior número. 

    Mas por que isso não aconteceu? Será que a convicção política que polarizou os Estados Unidos que explica esse fenômeno, ou há outra coisa?  

    Pode haver algo relacionado, por exemplo, à personalidade dos cidadãos”, afirmou Huerta.

    A personalidade de quem não usa máscaras

    Um estudo brasileiro realizado de março a junho publicado em 21 de agosto na revista Personality and Individual Differences, parece trazer parte da resposta. 

    Depois de estudar um grupo de pessoas relutantes em usar máscaras, descobriu-se que elas tinham: 

     Níveis mais baixos de empatia, que é a capacidade de perceber, compartilhar e inferir pensamentos e emoções de outras pessoas; 

     Níveis mais altos de insensibilidade; 

    Tendência para o engano e o autoengano; 

    Comportamentos de risco. 

    Segundo os autores, o principal objetivo do estudo foi analisar a relação entre os traços antissociais e o cumprimento das medidas de contenção da Covid-19. 

    Para isso, estudaram 1.578 adultos brasileiros entre 18 e 73 anos, que responderam ao questionário PID-5, que avalia as características de personalidade e ressonância afetiva de uma pessoa. 

    A ressonância afetiva é chamada de impulso que um ser humano tem de agir de acordo com os sentimentos causados por outra pessoa. 

    Mãos com luvas segurando máscara
    Falar mais suavemente pode ajudar a evitar o contágio pela Covid-19
    Foto: Pixabay

    As questões de estudo 

    Os participantes também responderam a um questionário sobre a adesão às medidas de contenção da pandemia, como o uso de máscara ou a prática de distanciamento físico. 

    Os resultados do estudo encontraram dois perfis de pessoas: 

    um de padrão antissocial, resistente a medidas de proteção contra a Covid-19; 

    um padrão de empatia entre aqueles que cumpriram as medidas preventivas contra o coronavírus.

    O perfil antissocial foi relacionado a uma pontuação mais alta no questionário de avaliação de personalidade em características como: 

    Insensibilidade,

    Engano,

    Hostilidade,

    Impulsividade,

    Irresponsabilidade,

    Manipulação,

    Ter comportamentos de risco. 

    De acordo com os autores, esses traços antissociais são característicos de pessoas com diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial. 

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    Os resultados

    Esse grupo também teve pontuações mais baixas na ressonância afetiva. Ou seja, ele não foi capaz de reagir de acordo com os sentimentos causados por outras pessoas. 

    Ao contrário, o perfil do padrão de empatia apresentou maior pontuação na ressonância afetiva e menor pontuação nos traços associados ao transtorno de personalidade antissocial. 

    Em resumo, as pessoas que relutam em usar máscaras e que desafiam as normas de prevenção teriam mais características associadas a transtornos de personalidade antissocial. E, ao não reagir aos sentimentos provocados por outras pessoas, estariam mostrando que não se importam muito com o bem comum. 

    Os pesquisadores acreditam que seu estudo pode ajudar as autoridades de saúde a planejar e executar campanhas educacionais voltadas para os diferentes tipos de personalidade dos seres humanos. 

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em espanhol).