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Com chegada de Bolsonaro, Livres anuncia saída do PSL
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Com chegada de Bolsonaro, Livres anuncia saída do PSL

O Conselho Nacional do Livres comunica desembarque em nota; Sérgio Bivar, filho do presidente da legenda e ligado ao grupo, diz que melhor solução agora é atuar de forma suprapartidária

José Fucs

05 de janeiro de 2018 | 19h18

Divórcio. Para viabilizar ingresso de Bolsonaro, o deputado federal Luciano Bivar (esq.), presidente do PSL, rompeu acordo com seu filho Sérgio (dir.), um dos articuladores do Livres, que permitiria a chegada do grupo ao comando partidário

Com a confirmação de que o deputado Jair Bolsonaro deverá ser candidato à presidência pelo PSL, feita nesta sexta-feira pelo deputado Luciano Bivar, presidente e fundador do partido, o grupo Livres, de tendência libertária, que controlava 12 diretórios estaduais e pretendia tomar conta da máquina partidária em nível nacional, anunciou o seu desligamento da legenda.

“É com extremo pesar que comunicamos a saída do Livres do Partido Social Liberal”, diz o comunicado assinado pelo Conselho Nacional do movimento. “A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa.”

Pouco antes do anúncio oficial da adesão de Bolsonaro ao PSL, Sérgio Bivar, filho de Luciano, que fez a ponte desde o princípio entre o Livres e o PSL, com o aval do próprio pai, divulgou um comunicado para integrantes do grupo, obtido pelo Estado, com o seu posicionamento sobre a questão.

O comunicado de Sérgio Bivar revela a sua decepção com a abertura do partido a Bolsonaro por seu pai. Segundo Sérgio, a melhor saída para o Livres agora é deixar de lado o projeto de se ligar a um único partido e passar a atuar por várias siglas, seguindo a estratégia adotada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) desde 2016. “Acredito que o melhor para o Livres seria se desvincular do PSL, fazendo-se suprapartidário”, diz ele.

Leia a seguir a íntegra do comunicado divulgado pelo Conselho Nacional do Livres:

“É com extremo pesar que comunicamos a saída do Livres do Partido Social Liberal.

“Ao longo de quase dois anos, nos empenhamos na construção de um projeto inédito no Brasil: um novo partido político firmado em ideais de liberdade e integridade institucional. Conquistamos milhares de filiados em todos os estados do Brasil. Só no Facebook são mais de 150 mil seguidores. Formamos quadros qualificados que já haviam assumido o comando de 12 diretórios estaduais do PSL. Nosso vereador Lucas de Brito foi escolhido o melhor parlamentar de João Pessoa em 2017.

“O ano de 2018 iria consolidar nosso projeto de renovação. Nossas novas lideranças políticas faziam do Livres o segundo partido mais representado no programa RenovaBR. Quadros do nível de Elena Landau desenvolviam um plano de trabalho para fazer da nossa Fundação uma das principais referências em políticas públicas na América Latina. Havíamos atraído alguns dos melhores parlamentares brasileiros dispostos a compor já no próximo mês uma bancada Livres de qualidade e integridade sem comparação no Congresso Nacional.

“Agora, infelizmente, Livres e PSL tomam caminhos separados. A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa.

“Além das origens e dos objetivos comuns que nos identificam com os ideais da liberdade, nós, do Livres, temos em comum também o mesmo inimigo: a velha política que satura o cidadão brasileiro.

“Recusamos a reciclagem do passado. Não vamos arrendar nosso projeto à velha política de aluguel. Nosso compromisso não é com a popularidade das pesquisas da semana passada, mas com a população de um país que exige a transformação da política partidária. Não queremos servir a um grande nome, mas sim à grande massa de batalhadores de nosso Brasil. Se hoje a velha política nos derrota é porque ela não conseguiu nos conquistar.

“Continuaremos a lutar por um estado mais enxuto, que concentre os recursos públicos em segurança, saúde e educação. Seguiremos na defesa das liberdades e oportunidades dos brasileiros que batalham e se sacrificam para construir suas famílias e suas carreiras, suas empresas e suas organizações – são eles os principais ativos de uma economia de mercado e a voz da consciência de uma civilização democrática.

“Sabemos das dificuldades dessa nova etapa. Não fugiremos delas. Se escolhemos o desafio de um novo caminho à acomodação da velha política é porque tememos mais as facilidades do que as dificuldades da política. O grupo que hoje forma o Livres se esforçará em conjunto para amadurecer e formalizar nosso modelo de governança, por meio do qual iremos deliberar democraticamente sobre a estratégia do movimento para as eleições 2018.

Nós, do Livres, não descansaremos até que se instaure no Brasil um projeto político em que a democracia é uma garantia, as instituições são mais fortes que os interesses dos dirigentes e o valor da liberdade é supremo e verdadeiro.”
Conselho Nacional do Livres

Agora, leia  o comunicado divulgado por Sérgio Bivar aos integrantes do Livres:

“Amigos,

“À revelia dos nossos planos e desejos, as conversas entre o PSL e a equipe de Bolsonaro evoluíram e devem se concretizar, mesmo sem participação no diretório, sem a presidência nacional do partido e sem mudança de nome.

“Para alguns, isso pode até ser bom, mas para mim é fatal. Aos meus olhos, Bolsonaro é como Lula, um candidato antissistema, carismático, com ares messiânicos de justiceiro, dotado de uma visão estatista e autoritária, que surfa na demagogia. Ainda que ele venha sendo assessorado por liberais no campo econômico, não acho que tenha convicções sobre a matéria, o que faria seu possível governo imprevisível.

“Da minha parte, posso garantir que defendi a bandeira e os interesses do Livres até onde me foi permitido. Ainda estou incerto sobre os rumos que tomarei, mas devo me desfiliar do partido. No momento, não me sinto em condições de encabeçar nenhum projeto político, mas acredito que o melhor para o Livres seria se desvincular do PSL, fazendo-se suprapartidário.

“Temos lideranças de alto nível, que podem assumir a tarefa de fazer novas articulações e, enfim, formalizar os mecanismos de governança que tanto ensaiamos. Aos amigos do Livres, recomendo que permaneçam unidos, sejam fiéis às suas convicções, pois nossas bandeiras estão em linha com o futuro e são inadiáveis. Permaneço fiel aos que tentaram fazer algo diferente do jogo usual, que puseram sua reputação em jogo e enxergam a liberdade como motor para a prosperidade individual e geral, única ponte para um Brasil mais justo.”
Sérgio Bivar