Representando o comportamento individual humano (micro-fundamentos e padrões macro I)

[Não há razão para nos vincularmos ao modelo padrão de comportamento hiper-racional adotado pelas teorias econômicas dominantes, que não descreve o comportamento real dos indivíduos e nem é útil como padrão normativo. As evidências históricas, empíricas e analíticas contra o comportamento hiper-racional e os agentes representativos são esmagadoras. Precisamos entender como os agentes individuais realmente se comportam, como eles realmente reagem às mudanças no ambiente macro e até que ponto, por sua vez, o ambiente é afetado de volta.]

por Anwar Shaikh, em Capitalismo: Competição, Conflitos e Crises

Comportamento individual

montagem baseada em colagem de jufos9 | flickr

[Nota do Minhocário: O artigo abaixo é a primeira sessão e o início da segunda sessão do capítulo 3 do livro, “Micro-fundamentos e Padrões Macro”. Há algumas referências a elementos que serão explorados mais à frente no capítulo, e que não estarão nesta postagem, mas que pretendo traduzir e disponibilizar mais à frente aqui no blog.]

I. Introdução 

O capítulo anterior [M1] demonstrou que as economias capitalistas de sucesso são caracterizadas por alguns poderosos padrões de longo prazo, nos quais ordem e desordem aparecem de mãos dadas. Isso imediatamente levanta duas questões metodológicas fundamentais. Em primeiro lugar, como o capitalismo é um sistema social dinâmico cujas culturas, instituições e políticas se transformam de maneira substancial no longo prazo, como é possível que as interações contínuas de sucessivas gerações de milhões de indivíduos possam gerar padrões recorrentes estáveis? E, se tivermos êxito na resposta à primeira questão, surge imediatamente uma segunda: que noções teóricas de equilíbrio, de processos de ajuste e de dinâmicas são adequadas aos tipos de padrões turbulentos que encontramos na realidade?

A primeira questão nos leva à relação entre os micro-processos e os padrões macro. A Microeconomia é importante porque os agentes individuais fazem escolhas, e as escolhas têm consequências pessoais e sociais. Incentivos importam e de fato afetam as escolhas individuais; no entanto, disso não se segue que a tomada de decisão individual seja caracterizada pelas regras das teses conhecidas como “escolha racional” e “expectativas racionais” ou pelos incentivos simplistas que elas incorporam (ou seja, do comportamento hiper-racional). Também não se segue que os agregados possam ser analisados ​​em termos de seus “agentes representativos”. Veremos que as evidências históricas, empíricas e analíticas contra o comportamento hiper-racional e os agentes representativos são esmagadoras. Além disso, uma explicação das descobertas empíricas centrais pode ser derivada de uma ampla variedade de modelos individuais de tomada de decisão, porque estruturas formativas, como restrições orçamentárias e influências sociais, desempenham papéis decisivos na produção dos padrões agregados. As construções tradicionais não apenas não se sustentam, elas não são ​​necessárias.

Uma vez que tenhamos compreendido que tipos muito diferentes de micro-fundamentos podem dar origem aos mesmos padrões no nível do mercado ou de economias inteiras, podemos então dividir a Microeconomia em dois tipos de proposições: (1) proposições fundamentadas empiricamente que podem ser derivadas de uma grande variedade de micro-fundamentos: curvas de demanda descendentes, elasticidades de renda diferenciais para bens de necessidade básica, funções de consumo baseadas na renda e assim por diante; e (2) proposições que dependem da caracterização específica do comportamento individual: onde o fundamento assumido é a escolha racional (este segundo conjunto inclui os teoremas usuais sobre eficiência, harmonia e otimização geral dos processos no mercado). A vantagem em se proceder dessa maneira é que isso expande muito o espaço disponível para possíveis caracterizações do comportamento econômico individual, ao mesmo tempo em que retém os principais padrões microeconômicos que desempenham um papel importante na análise econômica.

Nada disso implica em que os micro-processos não sejam importantes. Pelo contrário, eles desempenham um papel central na determinação de caminhos individuais e na avaliação das implicações sociais dos resultados em um nível macro. Além do mais, eles podem se tornar decisivos no nível agregado se as pessoas optarem por agir em conjunto, como no caso de uma interrupção geral do trabalho, um boicote pelos consumidores ou em um protesto de massa. A agência [M2] está sempre presente, nas decisões individuais e às vezes em decisões coletivas. Portanto, precisamos entender como os agentes individuais realmente se comportam, como eles realmente reagem às mudanças no ambiente macro e até que ponto, por sua vez, o ambiente é afetado de volta.

Duas conclusões podem ser derivadas neste ponto. Primeiro, que uma correspondência com os fatos empíricos agregados não privilegia nenhuma visão particular sobre os micro-processos: muitas estradas levam a Roma. E segundo, quando se examina como os indivíduos realmente se comportam, a hipótese do modelo do homo economicus é devastadoramente ruim.

Vale ressaltar que a atual divisão da teoria econômica em micro e macro é relativamente nova. A teoria clássica geralmente começava com a teoria do preço, que fornecia a base para a análise de crescimento, emprego e comércio exterior. Foi Keynes quem primeiro sugeriu a partição moderna entre a análise do comportamento de agentes individuais e o de agregados econômicos (Janssen 1993, 5). Nas mãos de Keynes, os agregados operam de acordo com regras diferentes dos resultados individuais. Veremos que Kalecki e Friedman fazem a mesma distinção (ver a seção IV deste capítulo [M3]).

Lucas seguiu pelo caminho oposto: o macro deveria ser dissolvido no micro. A crítica produzida por Lucas à macroeconomia do tipo keynesiano incorporava quatro proposições. Ela afirma que a estrutura emerge das regras de decisão individuais do agente. Uma mudança no ambiente (por exemplo, nas políticas públicas) alterará o comportamento individual e, portanto, modificará a estrutura. Portanto, modelos baseados em padrões passados não poderiam ser usados para prever os efeitos de possíveis mudanças no ambiente, porque a própria estrutura será diferente. Disso segue-se que o comportamento no nível micro rege os resultados no nível macro (Salehnejad 2009, 22–25). A conclusão central de Lucas foi que, se a integração do macro no micro fosse realizada de maneira apropriada, “o termo ‘macroeconômico’ simplesmente desaparecerá do uso e o modificador ‘micro’ se tornará supérfluo. Vamos simplesmente falar […] da teoria econômica” (Lucas 1987, 107-108).

O moderno projeto neoclássico de micro-fundamentos se ergue sobre essa base geral, acrescentando cinco afirmações adicionais:

  • Assume-se que os agentes individuais maximizam a utilidade ou os lucros esperados.
  • Suas expectativas seriam essencialmente corretas em equilíbrio.
  • Assume-se que o equilíbrio seria obtido na prática.
  • O comportamento coletivo de um tipo específico de agente poderia ser modelado em termos de um único agente representativo com comportamento racional e expectativas racionais.
  • E apenas a Macroeconomia derivada da Microeconomia nestes termos poderia ser considerada rigorosa.

Se compreende que essa abordagem específica para a economia ainda precisa ser consistente com as leis empíricas da microeconomia no agregado, como efeitos de preço e de renda sobre a demanda, bem como com os padrões macroeconômicos observados na produção, consumo e investimento. Porém, curiosamente, essa abordagem não parecia se ver obrigada a imitar os padrões empíricos nos comportamentos individuais. Nesse nível, a premissa de comportamento individual hiper-racional é sempre o ponto de partida (capítulo 12 [M4]).

A primeira parte deste capítulo aborda as questões relevantes: a escolha racional, a teoria da complexidade e as propriedades “emergentes” dos agregados (sendo esta última uma expressão moderna da noção milenar de que um todo pode ser maior que a soma de suas partes). Argumenta-se que não há razão para nos vincularmos ao modelo padrão de comportamento hiper-racional, que não descreve o comportamento real e nem é útil como padrão normativo. A caracterização de resultados agregados por meio de um “agente representativo” não funciona, exceto para casos triviais. A verdadeira função da noção de um agente representativo hiper-racional é que ela serve à declaração de missão da economia neoclássica, que é retratar o capitalismo como eficiente e otimizado – nesse sentido, ela é perfeitamente instrumental. Finalmente, é demonstrado que padrões agregados estáveis surgem das estruturas formativas subjacentes (restrições orçamentárias e distribuições de renda), e não dos detalhes dos comportamentos individuais. A título de ilustração, demonstro que os principais padrões empíricos da teoria do consumidor (curvas de demanda em declive descendente, curvas de Engel para itens necessários e itens de luxo e funções agregadas de consumo) e da teoria da produção (funções agregadas de produção) podem todos ser derivados de uma variedade de diferentes micro-fundamentos. Um tratamento semelhante para os salários reais é realizado no capítulo 14 [M5]. Em circunstâncias normais, os resultados macro são “fortemente insensíveis” aos detalhes dos micro-processos. Isso não significa que os micro processos não sejam importantes. Os micro fatores demonstram sua utilidade na determinação de caminhos individuais, e podem se tornar decisivos se as pessoas optarem por agir em conjunto para (digamos) produzir uma interrupção geral do trabalho ou um boicote pelos consumidores, e são especialmente importantes na avaliação das implicações sociais dos resultados macro. Tudo isso implica que uma correspondência com os fatos empíricos agregados não privilegia nenhuma visão específica dos micro-processos. Se alguém deseja examinar se o homo economicus é um bom modelo para o comportamento humano real, deve-se, ao invés, examinar sua correspondência com o comportamento individual real – e aí, a evidência é devastadoramente negativa.

A segunda questão levantada pela consideração dos padrões empíricos reais nos leva à distinção crucial entre o conceito convencional de equilíbrio como um estado alcançado e o conceito clássico de equilíbrio como um processo gravitacional. Na primeira noção, o tempo e a turbulência desaparecem da vista e o foco muda para estados de equilíbrio e caminhos estáveis; já na segunda, o equilíbrio exato nunca existe como tal, porque o processo de equilíbrio é inerentemente cíclico e turbulento. A consideração de vários tipos de atratores estáveis ​​e seu comportamento sob choques recorrentes mostram que a gravitação turbulenta é o caso geral. O centro de gravitação, o caminho do equilíbrio, é considerado a seguir e é demonstrado como o crescimento turbulento nas variáveis ​​primárias pode ser acomodado através da expressão de um sistema dinâmico em termos das proporções das variáveis ​​ou pelo menos de suas taxas de crescimento. Finalmente, são consideradas as dimensões temporais envolvidas nos processos de gravitação turbulenta, cobrindo desde a equalização das taxas de lucro até a demanda e a oferta agregadas nos mercados financeiro, de mercadorias e de trabalho. São estabelecidas ligações entre esses processos e vários ciclos de negócios, e é proposta uma tipologia geral de velocidades de ajuste.


II. Micro-Processos e Padrões Macro

Nas ciências sociais, estamos sofrendo de um curioso desarranjo mental […] as doutrinas ortodoxas da economia, política e direito se apóiam em uma premissa tácita de que o comportamento do homem é dominado por cálculos racionais […] [embora] essa seja uma suposição contrária aos fatos. (Mitchell, 1918, 161)

1. Representando o comportamento individual humano 

Há uma grande diferença entre estudar como as pessoas realmente se comportam e postular como elas deveriam se comportar. Quando desejamos saber como e por que as pessoas se comportam como o fazem, nos voltamos para a Economia Comportamental, a Antropologia, a Psicologia, a Sociologia, a Ciência Política, a Neurobiologia, estudos de negócios e a teoria da evolução. Descobrimos que raízes evolucionárias, heranças culturais, estruturas hierárquicas e histórias pessoais influenciam nosso comportamento: somos seres socialmente construídos, dentro dos limites de nossa herança evolutiva (Angier 2002; Zafirovski 2003, 1, 6–8; Ariely 2008, cap. 4-5, 9). Existe um grande conjunto de evidências que mostram que não ordenamos consistentemente nossas preferências; que somos péssimos no julgamento de probabilidades; que não lidamos com riscos de maneira “racional”; que cometemos regularmente uma ampla variedade de erros de raciocínio e que geralmente baseamos nosso comportamento em hábitos e regras práticas (Simon 1956, 129; Conlisk 1996, 670-672; Anderson 2000, 173; Agarwal e Vercelli 2005, 2). No fim das contas, “não somos nobres na razão, nem infinitos em faculdade”. [1] Pelo contrário, somos “bem fracos em apreensão […] [e sujeitos a] forças que em grande parte não conseguimos compreender”(Ariely 2008, 232, 243). E como qualquer publicitário poderia nos contar, nossas preferências são facilmente manipuladas, e nossas respostas, bastante previsíveis.

Apesar de todas essas evidências, a teoria econômica neoclássica insiste em retratar os indivíduos como máquinas de cálculo egoísta, nobres na razão, infinitas em suas faculdades e amplamente imunes a influências externas. A introdução de riscos, incertezas e custos de informação altera as restrições enfrentadas, mas não o modelo básico de comportamento (Furnam e Lewis 1986, 10). Eu chamo isso de doutrina da “hiper-racionalidade”, para distingui-la de uma noção mais geral de “racionalidade”, que se refere à crença ou ao princípio de que ações e opiniões devem se basear na razão. O ponto aqui é evitar o hábito neoclássico de retratar a hiper-racionalidade como perfeita e o comportamento real como imperfeito. [2] De fato, é um mundo virado de ponta cabeça quando tudo o que é real é considerado irracional.

A questão não é se incentivos econômicos são importantes, mas o quanto eles importam, e como. Incentivos econômicos certamente influenciam as escolhas individuais e os resultados sociais – assim como oportunidades econômicas e uma variedade de motivações e de limitações não-econômicas. O problema em questão é: por que a teoria econômica neoclássica insiste em uma representação supremamente reducionista do comportamento humano individual? Há duas dimensões que precisam ser abordadas: (1) a hiper-racionalidade como modelo do comportamento real; e (2) a hiper-racionalidade como ideal comportamental.

Sobre o primeiro ponto, a hiper-racionalidade desempenha um papel instrumental na representação do capitalismo como o sistema social ideal, porque (entre outras coisas) esse retrato exige que todos os indivíduos saibam exatamente o que querem e que recebam exatamente aquilo que escolherem. [3] Essa necessidade imanente orienta muitas tentativas de justificar sua confiança em tais premissas. Há a alegação ptolomaica de que devemos aderir às premissas da hiper-racionalidade, porque é isso que os (verdadeiros) economistas fazem. Há a alegação empírica de que essa seria uma boa aproximação de como as pessoas realmente se comportam – essa alegação sofrendo apenas do pequeno defeito de exigir que seus defensores escalem a “montanha” de evidências contrárias (Conlisk 1996, 670). [4] Há o argumento baseado na conveniência de que a hiper-racionalidade fornece resultados analiticamente tratáveis, os quais, como observa Kirman (1992, 134), “corresponde ao comportamento de uma pessoa que, ao deixar cair suas chaves em um local escuro, escolhe procurá-las sob um poste de luz na rua, pois ali seria mais fácil enxergá-las!” No outro extremo, há o argumento de Friedman (o “F-twist” ou a “guinada-em-F”) de que, como a hiper-racionalidade produz bons resultados empíricos, qualquer crítica às suas premissas não seria relevante (Samuelson 1963, 232). O problema com a hipótese de Friedman é que um determinado conjunto de premissas contém implicações empíricas para além daquelas que um usuário específico opta por investigar – e, pelo menos dentro das regras do discurso científico, outros usuários são livres para explorar outros caminhos. De fato, diferentes conjuntos de premissas muitas vezes dão origem a um conjunto comum de previsões empíricas, de modo que a única maneira de distinguir entre os modelos é expandir o alcance empírico até que suas previsões sejam diferentes. Ao fazê-lo, são precisamente as premissas que importam. [5] Abordaremos esse ponto na próxima seção.

Há também a alegação de que “é possível definir os interesses de uma pessoa de tal maneira que, não importa o que ela faça, ela pode ser vista como promovendo seus próprios interesses” (Sen 1977, 322). Imediatamente surgem problemas se essa proposição for levada a sério. Por exemplo, se você obtém satisfação com o bem-estar de outras pessoas, pode-se argumentar que você é tão auto-interessado quanto alguém que não se importa com os outros. Isso se aplica igualmente bem se você sente prazer com a dor de outras pessoas (sendo este último caso, no fim das contas, “meramente” bem-estar negativo). Nesta escala patológica, o narcisista, o samaritano e o psicopata são tratados como sendo fundamentalmente semelhantes – e mesmo assim, apenas o caso do narcisista “funciona” adequadamente para a economia ortodoxa: as interações implícitas entre os indivíduos nos outros dois casos geralmente criam “externalidades”, e essas devem ser descartadas nos modelos padrão de equilíbrio geral, porque minam a representação do capitalismo como o sistema social otimizado (Sen 1977, 328).

A teoria das preferências reveladas é uma versão operacional dessa mesma hipótese do “egoísmo definidor” (Sen 1977, 323), [6] e sua tentativa de atribuir motivação hiper-racional ao comportamento real leva a dificuldades bem conhecidas. No mínimo, essa hipótese exige que o comportamento individual exiba padrões específicos para ao menos justificar a imputação de hiper-racionalidade. [7] Se uma pessoa escolhe x acima de y e y acima de z, mas também z acima de x, esse comportamento contradiz a noção de hiper-racionalidade e é considerado irracional. O mesmo acontece com a escolha de x acima de y em um contexto e y acima de x em outro. Se essas trocas de classificação ocorrerem ao longo do tempo uma ou duas vezes, pode-se tentar resgatar a teoria assumindo que os “gostos” da pessoa mudaram nesse intervalo, mas esse é um território perigoso, uma vez que a estabilidade da estrutura de preferências é um atributo essencial da doutrina convencional, e ela não permite que os gostos possam mudar com muita frequência. [8] Extravagâncias são definitivamente proibidas. Um problema ainda mais profundo é que todos esses esforços para imputar motivações específicas ao comportamento humano falham em levar em consideração uma fonte importante de informação, que é o relato que as pessoas dão sobre suas próprias motivações (Sen 1977, 322-323, 325, 335-336, 342-343). Para deixar de lado essas informações, é preciso afirmar que as pessoas sabem exatamente o que querem e o que podem obter, mas de alguma forma não sabem o que sabem – o que impõe uma certa tensão lógica sobre todo o argumento. Binmore (2007, 2) nos diz que “mesmo quando as pessoas não pensam em tudo com antecedência, não se segue que elas estejam necessariamente se comportando de maneira irracional”. Ele segue com o argumento de que mesmo “animais sem mente” como “aranhas e peixes” podem “acabar se comportando como se fossem racionais” porque a evolução os programou para o fazê-lo. De qualquer forma, isso estabelece que aquilo que a ortodoxia quer dizer com “comportamento racional” seria apenas qualquer comportamento dos quais alguns resultados possam ser imitados por um modelo de comportamento racional. No entanto, pode-se facilmente imaginar o comportamento de peixes e aranhas cujos resultados os economistas ortodoxos podem não reivindicar para si.

A teoria dos jogos vem desse mesmo contexto. Segundo sua reputação, sua força seria a maneira com que permite interações estratégicas entre agentes auto-interessados hiper-racionais. [9] Como potenciais interações exigem considerações estratégicas, as expectativas dos jogadores vem a desempenhar um papel crucial (Hargreaves Heap e Varoufakis 1995, 24–25). Infelizmente, eles são modelados de uma maneira totalmente auto-interessada: assume-se que os jogadores mantêm uma regressão infinita de crenças totalmente corretas, nas quais “Alice [corretamente] pensa que Bob pensa que Alice pensa que Bob pensa […] ”; [10] ou, convenientemente, se supõe que eles chegam aos mesmos resultados através de “algum processo de ajuste” (Binmore 2007, 14-16). Não é de se surpreender que a teoria dos jogos tenha sido contradita pelas evidências empíricas desde o início (Hargreaves Heap e Varoufakis 1995, 240). Ainda assim, ela conseguiu exercer uma grande influência sobre as ciências sociais, até mesmo se apresentando como “um quadro estrutural no interior do qual se pode discutir realisticamente o que é ou não possível para uma sociedade” (Binmore 2007, 65). Uma das características mais marcantes da teoria dos jogos é a sua dependência em relação à utilidade cardinal. A teoria dos jogos gira em torno da premissa de que cada jogador valoriza os resultados em termos de recompensas específicas: essas recompensas são medidas em “utils” (Hargreaves Heap e Varoufakis 1995, 5, 9, 66) ou em termos de dinheiro, que cada pessoa implicitamente valorizaria da mesma maneira. Ambas as premissas exigem a utilidade cardinal e a segunda exige a utilidade cardinal idêntica (Hargreaves, Heap e Varoufakis 5, 9, 66). [11] No último caso, a utilidade é até mesmo comparável entre os indivíduos, o que a torna equivalente à versão da utilidade cardinal que foi banida da doutrina econômica ortodoxa no início do século XX devido à sua associação com argumentos a favor de uma distribuição igualitária de renda. (Strotz 1953, 384-385, 396; Hutchinson 1966, 283, 303; Black 1990, 778).

O trabalho de Becker (1981) sobre a família é a mais influente aplicação geral da hiper-racionalidade. Sua abordagem se baseia nas premissas fundamentais da economia neoclássica: comportamento maximizador de utilidade, análise de equilíbrio (no caso, do “mercado de casamentos”) e, pelo menos inicialmente, em preferências estáveis (Pollak 2002, 1-8, 41). Como na teoria dos jogos, o foco está nas interações entre um pequeno número de agentes – neste caso, os membros da família. As famílias são tratadas como produtoras de “filhos e outras mercadorias” e o casamento como uma “atribuição otimizada em um mercado eficiente, entre participantes que maximizam a utilidade, e [que] possui a propriedade de que as pessoas que não são designadas umas às outras não poderiam ser beneficiadas se casassem umas com as outras” (Becker 1987, 282, 284). A inovação de Becker é que ele permite que pelo menos um membro da família, embora maximizador de utilidade, se preocupe com o consumo dos outros membros. [12] Ele usa esse enquadramento para explicar fertilidade, monogamia e poligamia, (a qualidade da) saúde e educação das crianças, a divisão sexual do trabalho, casamento e divórcio. Pollak (2002, 28-35) aponta que ao invés dessa estrutura de análise, seria possível usar a teoria dos jogos, uma vez que ela é igualmente consistente com as premissas neoclássicas. Assim, alternativamente, poderia-se analisar o comportamento da família a partir do pontos de vista dos modelos de barganha. Mas, então, surge uma pergunta crucial: se existem muitas abordagens possíveis, como escolhemos entre elas? Pollak lista “estética, tratabilidade matemática. . . parcimônia [e] evidência empírica” como possíveis critérios. De fato, ele aponta as evidências empíricas como uma base importante para um argumento contra as premissas auxiliares usadas no modelo de família de Becker. No entanto, é surpreendente que o próprio Pollak nunca se refira às evidências empíricas contra as premissas fundamentais comuns a ambas as abordagens.

Talvez a aplicação mais impressionante da hiper-racionalidade ocorra no marxismo analítico, cujas doutrinas foram delineadas de forma clara e concisa pelo seu principal filósofo, Gerald Cohen (1978, xvii-xxiv). É uma tentativa anti-dialética e anti-holística de fundamentar as noções marxistas na metodologia neoclássica. Ela “acredita que a economia [neoclássica] é essencialmente sólida” e, consequentemente, se baseia na teoria da escolha racional, na teoria dos jogos e nas técnicas matemáticas neoclássicas associadas para derivar suas conclusões. Seguindo essa tradição, ela tenta “explicar os fenômenos de massa por referência aos microconstituintes e micromecanismos que respectivamente compõem as entidades e que subjazem os processos que ocorrem em um nível mais amplo de resolução”. Isso é especialmente crítico para as técnicas econômicas e sociais de Roemer e Elster. Portanto, os marxistas analíticos “rejeitam o ponto de vista [..] [de que] formações e classes sociais sejam retratadas como entidades que obedecem a leis de comportamento que não sejam uma função de seus indivíduos constituintes.” Em outras palavras, como um ramo da economia neoclássica, ela nega a noção de propriedades emergentes. Como Cohen coloca, “os comportamentos dos indivíduos são sempre onde a ação está, em última análise”.

Todo o acima exposto se refere à alegação de que a hiper-racionalidade seria uma ferramenta útil na análise do comportamento real. Contudo, a hiper-racionalidade também tem sido defendida como uma norma comportamental. A escolha racional como base ideal para a ação é encontrada em Descartes, Spinoza, Leibnitz, Bentham e Mill, embora todos admitam que não é assim que as pessoas se comportam na realidade. Esse aspecto normativo é central para a economia do bem-estar e a teoria da escolha social. Na filosofia, isso tem sido usado para definir um padrão de “como os indivíduos devem se comportar” (razão teórica) com a qual as ações racionais (“razão prática”) devem estar em conformidade (Chai 2005, 2–4). [13] É geralmente reconhecido que tal concepção requer um agente que não existe de verdade (Chai 2005, 4). Admite-se ainda que ela possa dar origem a “consequências perversas” para o indivíduo ou o grupo, como no dilema do prisioneiro (Chai 2005, 6). Na teoria econômica, essa linhagem se estende de Walras a Arrow, Debreu e Lucas. O interesse do próprio Walras estava na representação de uma economia “ideal” ou “perfeita”, e esse era certamente o objetivo do modelo de equilíbrio geral de Arrow-Debreu. Grabner (2002, 8) cita Lucas (1980, 696–697) no sentido de que “uma ‘teoria’ não é uma coleção de afirmações sobre o comportamento da economia real, mas um conjunto explícito de instruções para a construção de um sistema paralelo ou análogo – uma economia mecânica, de imitação”. [14] Desse ponto de vista, as diferenças entre essas representações idealizadas e o mundo real devem ser tratadas como “deficiências nesse último” (Grabner 2002, 6). Mas então surge a pergunta: o que torna essas abordagens ideais, em primeiro lugar? Não é difícil argumentar que a capacidade humana de raciocínio é muito mais complexa do que a hiper-racionalidade, uma vez que o raciocínio real sempre ocorre em um contexto social a cujos valores está subordinado (Hayek 1969, 87-95). O modelo de hiper-racionalidade celebra uma pessoa que é um “imbecil social” (Sen 1977, 336). É difícil engolir essa representação, exceto por uma coisa: ela fornece a base para a alegação de que o mercado seria a instituição econômica otimizada e o capitalismo, a forma social ideal – é sua lógica imanente.

Um argumento normativo alternativo diz que seria desejável ensinar as pessoas a se comportarem de maneira auto-interessada, porque isso faria com que os mercados funcionassem melhor, e os mercados, por sua vez, seriam desejáveis ​​por serem superiores a outras formas sociais da divisão do trabalho (Hayek 1969, 96-104). Atualmente, esse é o argumento dominante na economia do desenvolvimento e é a base oficial dos esforços da Organização Mundial do Comércio, do Banco Mundial e de outras agências internacionais similares para acelerar a criação de mercados e de instituições “amigáveis ao mercado” por todo o mundo em desenvolvimento (Shaikh, 2007). A “terapia de choque” é apenas a aplicação mais extrema dessa doutrina. No entanto, uma vez admitido que a hiper-racionalidade não é verdadeira nem desejável, o caráter ideal do capitalismo não pode mais ser sustentado em bases teóricas. [15] A alternativa que resta é enfatizar a inegável força histórica do capitalismo como fonte de crescimento e de melhoria de padrões de vida para muitos dentro de seus limites efetivos – mas aí é preciso também abordar sua história igualmente inegável de violência, desigualdade e intervenção estatal persistente (Chang 2002a; Harvey 2005).

Uma última defesa do procedimento operacional padrão vem da alegação de que, sem a premissa de hiper-racionalidade, “a teoria econômica degeneraria em uma mixórdia de hipóteses ad hoc […] as quais [careceriam] de coesão geral e refutabilidade científica” (Conlisk 1996, 685). Essa é uma conjuntura interessante, porque se poderia argumentar que a doutrina da hiper-racionalidade está ela mesma repleta de premissas ad hoc que já foram refutadas cientificamente. No entanto, a ansiedade por trás desse cri de coeur [dessa “lamentação”] é evidente: o que vai acontecer se operarmos com base no comportamento real? Voltarei a esta pergunta na última seção deste capítulo.

Tradução: Everton Lourenço


Notas

[M1] O artigo acima é a primeira sessão e o início da segunda sessão do capítulo 3 do livro, “Micro-fundamentos e Padrões Macro”. O capítulo anterior, “Tendências turbulentas e estruturas ocultas” trata dos padrões econômicos dos países capitalistas no longo prazo, ilustrando o processo de regulação turbulenta para várias das principais variáveis econômicas. [N.M.]

[M2] “Agência” aqui no sentido em que é usada na sociologia, como capacidade de ação e ação propriamente dita. [N.M.]

[M3] A sessão IV do capítulo, “Metodologia para análise econômica” deve ser traduzida mais à frente, mas ainda não está presente nesta postagem. [N.M.]

[M4] Capítulo 12 – “A ascensão e a queda da Macroeconomia moderna”. [N.M.]

[M5] Capítulo 14 – “A teoria dos salários e do desemprego”. [N.M.]

[1] Hamlet: “Que trabalho é um homem! Quão nobre em razão! Quão infinito em suas faculdades! ” Hamlet, II.2.319, citado em Conlisk (1996, 669).

[2] Por exemplo, em sua em todo resto excelente exposição das complexidades do comportamento real, Ariely (2008, xix-xx) refere-se especificamente às noções neoclássicas de “racionalidade” (isto é, hiper-racionalidade) como “premissas sobre nossa capacidade de raciocínio perfeito” e rotula o comportamento real como “irracional […] [por causa de] nossa distância da perfeição.”

[3] “Existe, atualmente, uma linha longa e bastante imponente de economistas […] que têm buscado demonstrar que uma economia descentralizada motivada pelo auto-interesse seria compatível com uma disposição coerente de recursos econômicos que poderia ser considerada superior […] a uma grande classe de possíveis disposições alternativas” (Arrow e Hahn, 1971, vi-vii, citado em Sen 1977, 321-322). De maneira semelhante, Samuelson (1963, 233) observa que a defesa da hiper-racionalidade por Friedman é motivada pelo desejo de “ajudar a defender (1) o modelo de economia de laissez-faire perfeitamente competitivo, que tem sofrido ataques contínuos à partir de fora do meio profissional já por um século e à partir de seu interior desde a revolução da concorrência monopolista dos últimos trinta anos; e (2), mas de menor importância, a hipótese de “maximização do lucro”, essa mistura de truísmo, verdade e mentira”.

[4] A afirmação de que a hiper-racionalidade seria uma boa aproximação do comportamento real, pelo menos no domínio das transações econômicas, sustenta a afirmação de que as pessoas “aprendem a otimização através da prática” (Conlisk 1996, 683). Isso supõe ou que as pessoas desejam se comportar de maneira hiper-racional (que é exatamente o que está em disputa) ou que de alguma forma elas são punidas se não o fizerem (o argumento da sobrevivência). A segunda opção dificilmente se aplica ao comportamento do consumidor, pois “raramente lemos nas páginas do obituário que as pessoas morram de subotimização” (Conlisk 1996, 684). E, na medida em que o mercado de fato elimina gerentes ou proprietários de empresas com menos sucesso, isso dificilmente implicaria em que a hiper-racionalidade e a concorrência perfeita forneceriam bons modelos do comportamento das empresas sobreviventes. Esta questão é discutida mais adiante no final deste capítulo.

[5] Samuelson (1964, 736) diz que “toda a força do meu ataque à [hipótese de Friedman] é que, pensando em uma teoria como uma rosquinha, o seu corpo de correção empírica constitui seu valor, enquanto o seu buraco de mentira constitui sua fraqueza […] Considero uma perversão monstruosa da Ciência afirmar que tanto faz as deficiências de uma teoria; e noto que nas ciências exatas, mais afortunadas, ninguém nem sonha em fazer tal afirmação […] não há razão para incentivar a tolerância à falsificação da realidade empírica, muito menos a glorificação dessa falsificação.” [6] Chai (2005, 8-11) chama isso de dimensão “interpretativa” da abordagem da escolha racional, mas pelo menos em Economia esse tem sido usado amplamente como um método de defesa.

[7] Desnecessário dizer que a consistência das escolhas não implica que as motivações subjacentes sejam de fato hiper-racionais, uma vez que um “selecionador consistente pode ter qualquer grau de egoísmo que desejarmos especificar” (Sen 1977, 326).

[8] De fato, Stigler e Becker (1990, 192) argumentam especificamente que se deve prosseguir assumindo os gostos como imutáveis e iguais entre os diferentes indivíduos, e procurar “as formas sutis que os preços e a renda assumem para explicar as diferenças entre homens e períodos”.

[9] Kreps (1990, 41) diz que “os grandes sucessos da teoria dos jogos na Economia ocorreram em grande medida porque a teoria dos jogos nos fornece uma linguagem para modelagem e técnicas para analisar interações dinâmicas e competitivas específicas”. Obviamente, a linguagem em questão é apenas um dialeto da hiper-racionalidade.

[10] A noção de Conhecimento Comum da Racionalidade (CKR, na sigla em inglês) incorpora a suposição de que cada jogador é instrumentalmente racional (isto é, hiper-racional); que ele acredita que todos os outros também o são; que acredita que eles acreditam que ele é, e assim por diante. A noção de Alinhamento Consistente de Crenças (CAB, na sigla em inglês) postula ainda que todas essas crenças são consistentes, no sentido de que se dois indivíduos hiper-racionais possuem a mesma informação, eles devem desenhar as mesmas inferências e chegar à mesma conclusão. Aumann assume que indivíduos hiper-racionais terão a mesma informação (isto é, passarão de CKR para CAB) (Hargreaves Heap e Varoufakis 1995, 24-28).

[11] Strotz (1953) observa que von Neumann e Morgenstern propõem uma fórmula específica para criar uma média ponderada de escolhas arriscadas, o que nos permite classificar conjuntos de escolhas. Essa classificação é a “expectativa moral” original de Bernoulli. Assim como nas funções padrão da utilidade ordinal, qualquer função que possa fornecer as mesmas classificações que as ditadas pela fórmula acima serviria da mesma maneira. O conteúdo de uma função dessas também pode ser expresso como um conjunto de axiomas comportamentais de escolha racional diante da presença de risco. Strotz admite que as pessoas podem não se comportar dessa maneira na prática e observa que evidências experimentais sugerem que o comportamento real seria melhor representado de uma maneira diferente. Mas, em qualquer caso, a graça salvadora desse novo tipo de utilidade cardinal é que ela geralmente não é comparável interpessoalmente e, portanto, não ameaça a ressurreição da versão utilitária da economia do bem-estar.

[12] Becker rotula esse comportamento menos-que-completamente-egoísta de “altruísmo”, mas alguém poderia argumentar que altruísmo significa algo mais geral. Além disso, em Becker, é o “chefe” da família que é o único “altruísta”, sendo todos os outros egoístas padrão (Becker 1987, 282-283; Pollak 2002, 11-12).

[13] Buchanan e Tullock usam a escolha racional como método de modelagem de escolhas coletivas apropriadas. Rawls usa a escolha racional como método de modelar decisões de indivíduos que operam sob um véu de ignorância em relação a instituições de justiça alternativas (Chai 2005, 3).

[14] Mesmo que a hiper-racionalidade seja aceita como um ponto de partida válido, isso não garante que qualquer agregado, como um mercado ou uma nação, se comporte da mesma maneira que um indivíduo representativo (Grabner 2002, 6).

[15] Por exemplo, Bhagwati (2002, 4n3) geralmente se apóia no argumento de que o livre comércio seria superior ao comércio gerenciado ou à autarquia, sem mencionar que todas as provas que ele cita se baseiam na concorrência perfeita tanto dentro das nações como entre elas.


Referências Bibliográficas

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