Política

Dilma será diplomada com Ministério incompleto

BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff, vai ser diplomada nesta sexta-feira sem conseguir fechar seu Ministério. Após vencer o primeiro embate com o PMDB, agora a formação do governo empacou de novo com a definição das pastas a serem comandadas por PSB, PP, PCdoB e até PT. Na semana passada, Dilma convidou a engenheira agrônoma Maria Lúcia Falcón para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a pedido dos governadores Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE), e comprou briga com a Democracia Socialista, corrente do PT que vinha controlando a pasta da reforma agrária com o atual ministro, Guilherme Cassel. (Confira o perfil dos ministros já nomeados)

O PMDB também mandou recados de insatisfação com a decisão de Dilma de chamar de volta para a Integração Nacional o cearense Ciro Gomes (PSB), um dos maiores críticos do partido do vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP).

Diante dos novos impasses, Dilma dificilmente terá tempo para fechar o primeiro escalão antes da diplomação no TSE, como queria. Desde esta segunda-feira, ela está em Porto Alegre . Retorna a Brasília amanhã, mas só deve anunciar os ministros já definidos semana passada: Nelson Jobim (Defesa), Antonio Patriota (Itamaraty), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).

Ainda na quarta-feira à noite ela viaja a São Paulo para receber um prêmio da revista "IstoÉ" e no dia seguinte participa da reunião de cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, com o presidente Lula. Ela ainda precisa definir pelo menos 17 ministérios.

Baiana e desconhecida na área agrária, Lúcia Falcón é secretária de Planejamento de Déda, em Sergipe, e só foi apadrinhada por Jaques porque os dois governadores não conseguiram o pleito de indicar os titulares do Desenvolvimento Social e da Integração Nacional.

- Não sei quem é essa companheira (Lúcia). Tínhamos expectativa de manter o Cassel, que tem trabalho elogiado por Lula. Ou indicar o Joaquim Soriano, que trabalhou direto com Cassel o tempo todo. Somos uma das principais correntes do PT e precisamos estar nos vendo no governo Dilma. Não temos nenhum outro cargo além desse - reclamou o ex-prefeito de Porto Alegre e integrante do Diretório Nacional do PT Raul Pont.

A entrada de Ciro no tabuleiro ministerial , porém, conseguiu desagradar tanto ao PSB quanto ao PMDB. O governador Eduardo Campos, presidente do PSB, queria indicar Fernando Bezerra Coelho para a Integração Nacional e o deputado Márcio França para Portos, no lugar de Pedro Brito, homem do grupo de Cid Gomes e Ciro, deixando os dois sem espaço. Mas Dilma atrapalhou os planos. Ciro chega nesta terça-feira da Europa e nesta quarta-feira dará a resposta a Dilma sobre o convite.