O relevo acidentado de Lisboa foi desde sempre um grave obst�culo � circula��o de pessoas e bens entre partes altas e baixas da cidade. Nem mesmo os "Americanos" (carruagens movidas por trac��o animal e deslocando-se sobre carris), surgidos nos finais do s�culo XIX, conseguiram responder a este problema de um modo satisfat�rio.
Com o advento da trac��o mec�nica surge uma Empresa vocacionada para a sua resolu��o, a Companhia dos Ascensores Mec�nicos de Lisboa.
Fundada em 6 de Junho de 1882 e remodelada dois anos mais tarde, tendo ent�o adoptado o nome de Nova Companhia dos Ascensores Mec�nicos de Lisboa, dotou a cidade com um conjunto de ascensores funcionando em plano inclinado. O primeiro foi inaugurado em 1884 na Cal�ada do Lavra, seguindo-lhe o da Gl�ria no ano seguinte.
Quando em 20 de Abril de 1888 a Nova Companhia dos Ascensores Mec�nicos de Lisboa assinou um novo contrato com a C�mara Municipal de Lisboa, obteve a concess�o para a instala��o de mais um ascensor que, partindo da Rua de S.Paulo pela Rua de Duarte Belo, deveria efectuar liga��o com o Largo do Calhariz.
As obras foram iniciadas em 1890. Em Maio j� a instala��o da m�quina motora estava conclu�da e em Novembro come�ava o assentamento das linhas.
Dificuldades de todos os g�neros, nomeadamente a instala��o do cano colector, abalroamentos e as pr�prias diferen�as de declive, atrasaram a constru��o. Contudo, ap�s sucessivos adiamentos realizaram-se em 27 de Junho de 1892 as experi�ncias oficiais iniciando-se no dia seguinte o servi�o de explora��o.
O sistema de trac��o era de cremalheira e cabo por contrapeso de �gua. Cada carro estava equipado com um reservat�rio de �gua que esvaziava sempre que chegava � Rua de S. Paulo e enchia quando no Largo do Calhariz, de modo que a simples diferen�a de peso fazia funcionar o sistema. Os carros eram abertos, com nove metros de comprimento e bancos dispostos "em plateia".
Os problemas levantados pelas frequentes faltas no abastecimento de �gua, obrigando � constante paragem de servi�o, fizeram com que, em 1886, a Empresa decidisse substituir o sistema de trac��o, passando ent�o a utilizar m�quinas a vapor. Estas fornecidas pela firma Maschinnenfabrick de Esslingen, Alemanha, asseguraram o servi�o at� ao momento em que foi decidida a electrifica��o do sistema.
J� desde 1903 a Nova Companhia dos Ascensores Mec�nicos de Lisboa, decerto estimulada pelo aparecimento dos el�ctricos e pela sua r�pida expans�o, pedia a empresas estrangeiras or�amentos com vista � electrifica��o. Mas s� em 1912, ap�s a assinatura de um novo contrato com a C�mara Municipal de Lisboa autorizando a modifica��o, foi poss�vel acordar com a Lisbon Electric Tramways Limited e a Companhia Carris a explora��o conjunta da Central El�ctrica de Santos e assim resolver o problema do fornecimento de energia el�ctrica indispens�vel.
O processo adoptado era extensivo aos ascensores do Lavra, Bica e Gl�ria.
Em cada um funcionariam dois carros ligados por um cabo, de forma a contrabalan�arem-se no seu peso.
A via compunha-se de dois carris exteriores em que assentavam os rodados dos carros e de outros dois, limitando uma fenda onde passava o cabo.
Cada carro era provido de um grampo que o ligava ao cabo e de um poderoso freio de garra que actuava apertando os carris centrais entre duas sapatas,uma pela parte inferior e outra pela superior. Para al�m desta existia ainda outro freio funcionando por press�o sobre os carris. Pesavam cerca de 10 toneladas e eram accionados por meio de 2 motores el�ctricos, ligados em s�rie, de forma que um carro s� se podia p�r em movimento com a manobra conjunta dos guarda-freios de ambos, bastando contudo a manobra de um s� para os imobilizar. Eram fechados, com dois bancos longitudinais e entrada pela plataforma de uma das extremidades.
Quando em 12 de Outubro de 1916, junto ao Largo do Calhariz, se ultimavam os trabalhos e se procedia ao assentamento de um dos carros sobre os carris, o mau funcionamento dos trav�es precipitou-o, ap�s uma descida descontrolada, de encontro � Esta��o da Rua de S. Paulo, onde se despeda�ou.
Em consequ�ncia deste acidente o ascensor da Bica permaneceu inactivo durante v�rios anos at� que, em 1923, a C�mara de Lisboa exigiu que voltasse a funcionar.
O sistema que ent�o foi adoptado diferia do anterior por terem sido suprimidos os motores dos carros, os quais passariam a ser accionados por um motor instalado num subterr�neo da Esta��o do Largo do Calhariz.
Os carros, de um novo modelo, foram fornecidos pela firma Theodore Bell. Eram constitu�dos por um leito e rodados de a�o em que assentavam as caixas, abertas, constru�das em madeira e refor�adas a ferro. Os bancos, eram transversais e divididos em tr�s compartimentos, dispostos "em plateia", podendo transportar 16 passageiros sentados e 6 de p� na plataforma da retaguarda.
A 27 de Junho de 1927 o ascensor da Bica retomava o servi�o. J� ent�o passara a ser propriedade da Companhia Carris. Nos finais do ano anterior a Nova Companhia dos Ascensores Mec�nicos de Lisboa, ap�s anos de negocia��es com a C�mara Municipal de Lisboa e a Carris dissolvera-se, tendo transferido para esta �ltima n�o apenas a concess�o de que era propriet�ria mas tamb�m todo o seu material fixo e circulante.
Acredita-se ter sido j� na d�cada de trinta que os carros sofreram algumas altera��es assumindo ent�o o seu aspecto actual.
Tal como as suas cong�neres das Cal�adas do Lavra e da Gl�ria, o Ascensor da Bica �, desde Fevereiro de 2002, Monumento Nacional.