|
|
|
�ERRAMOS� ENVERGONHADO Folha publicou ficha falsa de Dilma Por Luiz Antonio Magalh�es em 25/4/2009 |
|
A Folha de S. Paulo reconheceu neste s�bado (25/4) que publicou, na edi��o de 5 de abril, junto com reportagem que tratava de um suposto plano para sequestrar o ent�o ministro Delfim Netto, um documento falso sobre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O reconhecimento do jornal � boa not�cia, mas poderia ter sido mais elegante. "Autenticidade de ficha de Dilma n�o � provada", diz o t�tulo da mat�ria reproduzida abaixo. Ora, o jornal informa que a ficha publicada foi recebida por e-mail, est� no site ultradireitista Ternuma e n�o existe no Arquivo P�blico do Estado de S�o Paulo, onde estariam guardados os documentos do Dops. O correto, portanto, seria dizer que a ficha � falsa, pura e simplesmente. O reconhecimento envergonhado do erro s� piora as coisas para a Folha, que por sinal n�o deu o mesmo espa�o para desfazer o equ�voco do que ele mereceu na edi��o de 5 de abril, quando teve chamada na primeira p�gina do jornal. Errar � humano, reconhecer o erro � obriga��o de quem erra. Com igual espa�o e destaque, de prefer�ncia. Al�m da quest�o do espa�o e destaque, cabe notar que a Folha marotamente publicou, abaixo da mat�ria sobre o erro da ficha, uma reportagem sobre a "volta" de Del�bio Soares ao PT. Cabia ali, claro, Dilma tamb�m � petista, mas � imposs�vel n�o perceber a m�o leve da editorializa��o do notici�rio. � quase como se o jornal confessasse: "errei, mas este PT n�o presta mesmo...". *** Autenticidade de ficha de Dilma n�o � provada Reproduzido da Folha de S. Paulo, 25/4/20009 "Folha tratou como aut�ntico documento, recebido por e-mail, com lista de a��es armadas atribu�das � ministra da Casa Civil Reportagem reconstituiu participa��o de Dilma em atos do grupo terrorista VAR-Palmares, que lutou contra a ditadura militar DA SUCURSAL DO RIO A Folha cometeu dois erros na edi��o do dia 5 de abril, ao publicar a reprodu��o de uma ficha criminal relatando a participa��o da hoje ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no planejamento ou na execu��o de a��es armadas contra a ditadura militar (1964-85). O primeiro erro foi afirmar na Primeira P�gina que a origem da ficha era o �arquivo [do] Dops�. Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como aut�ntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informa��es hoje dispon�veis, n�o pode ser assegurada -bem como n�o pode ser descartada. A ficha datilografada em papel em tom amarelo foi publicada na �ntegra na p�gina A10 e em parte na Primeira P�gina, acompanhada de texto intitulado �Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto�. Internamente, foi editada junto com entrevista da ministra sobre sua milit�ncia na juventude. Sob a imagem, uma legenda ressaltou a incorre��o dos crimes relacionados: �Ficha de Dilma ap�s ser presa com crimes atribu�dos a ela, mas que ela n�o cometeu�. O foco da reportagem n�o era a ficha, mas o plano de sequestro em 1969 do ent�o ministro Delfim Netto (Fazenda) pela organiza��o guerrilheira � qual a ministra pertencia, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucion�ria Palmares). Ela afirma que desconhecia o plano. Em carta enviada ao ombudsman da Folha anteontem, Dilma escreve: �Apesar da minha negativa durante a entrevista telef�nica de 30 de mar�o (...) a mat�ria publicada tinha como t�tulo de capa �Grupo de Dilma planejou sequestro do Delfim�. O t�tulo, que n�o levou em considera��o a minha veemente negativa, tem caracter�sticas de �fact�ide�, uma vez que o fato, que teria se dado h� 40 anos, simplesmente n�o ocorreu. Tal procedimento n�o parece ser o padr�o da Folha.� A reportagem da Folha se baseou em entrevista gravada de Antonio Roberto Espinosa, ex-dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucion�ria) e da VAR-Palmares, que assumiu ter coordenado o plano do sequestro do ex-ministro e dito que a dire��o da organiza��o tinha conhecimento dele. Tr�s dias depois da publica��o da reportagem, Dilma telefonou � Folha pedindo detalhes da ficha. Dizia desconfiar de que os arquivos oficiais da ditadura poderiam estar sendo manipulados ou falsificados. O jornal imediatamente destacou rep�rteres para esclarecer o caso. A reportagem voltou ao Arquivo P�blico do Estado de S�o Paulo, que guarda os documentos do Dops. O acervo, por�m, foi fechado para consulta porque a Casa Civil havia encomendado uma varredura nas pastas. A Folha s� teve acesso de novo aos pap�is cinco dias depois. No dia 17, a ministra afirmou � r�dio Itatiaia, de Belo Horizonte, que a ficha � uma �manipula��o recente�. Na carta que enviou ao ombudsman, Dilma escreveu: �Solicitei formalmente os documentos sob a guarda do Arquivo P�blico de S�o Paulo que dizem respeito a minha pessoa e, em especial, c�pia da referida ficha. Na pesquisa, n�o foi encontrada qualquer ficha com o rol de a��es como a publicada na edi��o de 5.abr.2009. Cabe destacar que os assaltos e a��es armadas que constam da ficha veiculada pela Folha de S. Paulo foram de responsabilidade de organiza��es revolucion�rias nas quais n�o militei. Al�m disso, elas ocorreram em S�o Paulo em datas em que eu morava em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. Ressalte-se que todas essas a��es foram objeto de processos judiciais nos quais n�o fui indiciada e, portanto, n�o sofri qualquer condena��o. Repito, sequer fui interrogada, sob tortura ou n�o, sobre aqueles fatos.� A ministra escreveu ainda: �O mais grave � que o jornal Folha de S.Paulo estampou na p�gina A10, acompanhando o texto da reportagem, uma ficha policial falsa sobre mim. Essa falsifica��o circula pelo menos desde 30 de novembro do ano passado na internet, postada no site www.ternuma.com.br (�terrorismo nunca mais�), atribuindo-me diversas a��es que n�o cometi e pelas quais nunca respondi, nem nos constantes interrogat�rios, nem nas sess�es de tortura a que fui submetida quando fui presa pela ditadura. Registre-se tamb�m que nunca fui denunciada ou processada pelos atos mencionados na ficha falsa.� Fontes Dilma integrou organiza��es de oposi��o aos governos militares, entre as quais a VAR-Palmares, um dos principais grupos da luta armada. A ministra n�o participou, no entanto, das a��es descritas na ficha. �Nunca fiz uma a��o armada�, disse na entrevista � Folha de 5 de abril. Devido � milit�ncia, foi presa e torturada. Na apura��o da reportagem do dia 5, o jornal obteve centenas de documentos com fontes diversas: Superior Tribunal Militar, Arquivo P�blico do Estado de S�o Paulo, Arquivo P�blico Mineiro, ex-militantes da luta armada e ex-funcion�rios de �rg�os de seguran�a que combateram a guerrilha. Ao classificar a origem de cada documento, o jornal cometeu um erro t�cnico: incluiu a reprodu��o digital da ficha em papel amarelo em uma pasta de nome �Arquivo de SP�, quando era origin�ria de e-mail enviado � rep�rter por uma fonte. No arquivo paulista est� o acervo do antigo Dops, sigla que teve v�rios significados, dos quais o mais marcante foi Departamento de Ordem Pol�tica e Social. Na ditadura, era a pol�cia pol�tica estadual. Entre as imagens reproduzidas pelo arquivo, a pedido da Folha, n�o estava a ficha. �Essa ficha n�o existe no acervo�, diz o coordenador do arquivo, Carlos de Almeida Prado Bacellar. �Nem essa ficha nem nenhuma outra ficha de outra pessoa com esse modelo. Esse modelo de ficha a gente n�o conhece.� Pelo menos desde novembro a ficha est� na internet, destacadamente em sites que se op�em � prov�vel candidatura presidencial de Dilma. O Grupo Inconfid�ncia, de Minas Gerais, mant�m no ar uma reprodu��o da ficha. A entidade re�ne militares e civis que defendem o regime instaurado em 1964. Seu criador, o tenente-coronel reformado do Ex�rcito Carlos Claudio Miguez, afirma que a ficha �est� circulando na internet h� mais de ano�. Sobre a autenticidade, comentou: �N�o posso garantir. N�o fomos n�s que a botamos na internet�. Pesquisadores acad�micos, opositores da ditadura e ex-agentes de seguran�a, se dividem. H� quem identifique ind�cios de fraude e quem aponte sinais de autenticidade da ficha. Apenas parte dos acervos dos velhos Dops est� nos arquivos p�blicos. Muitos documentos foram desviados por funcion�rios e hoje constituem arquivos privados." |
|
|
|
|
|
|
|