O fim de um império com onze fusos horários, 35 mil mísseis nucleares e 280 milhões de pessoas. As verdadeiras razões por trás da agonia do comunismo estão em O DECLINÍO DA UNIÃO SOVIÉTICA � UM ESTUDO DAS CAUSAS, do historiador brasileiro Angelo Segrillo. Com riqueza de detalhes, o autor � que estava cursando mestrado no Instituto Pushkin de Moscou na época da Perestroika (1989-92) � acompanha o processo da derrocada vermelha desde 1985, quando o mundo se assombrava com as atitudes do então secretário geral do Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbatchev.

Segrillo comenta a reestruturação econômica e a transparência política da Perestroika, que acabaram revelando ao mundo o colapso da economia soviética e a inoperância da burocracia. A obra inova pela abordagem, que aponta razões internas para o término do poder irradiado pelo Kremlin. A queda da produção, a excessiva preocupação � quase neurótica � com o perigo nuclear e o dinheiro gasto com estações espaciais sucateadas são citados como motivos conjunturais na falência do sistema de produção da União Soviética.

Angelo Segrillo aponta a guerra fria, e a conseqüente competição entre os dois blocos político-econômicos do planeta, como principal motivo do escoamento de reservas do império comunista. Em sua tese, ele mostra como a passagem do regime feudal para o socialismo "real" contradiz o isolamento pregado em ensaios de economia política. Modelos de produção capitalista foram copiados para alavancar a economia soviética. Um dos exemplos encontrados em O DECLÍNIO DA UNIÃO SOVIÉTICA é o do paradigma fordista, calcado na produtividade. Segrillo cita a sintonia perfeita entre fordismo e a produção em larga escala da URSS, e a conseqüente afinidade com o fluxo vertical de informação. E indica a chegada do toyotismo � modelo mais informal e baseado na qualidade, não na quantidade � como o golpe de misericórdia na estrutura política do império.

Angelo Segrillo, 41 anos, é historiador especializado em Leste europeu. Graduou-se pela Southwest Missouri State University (EUA) e cursou mestrado no Instituto Pushkin de Moscou na época da perestroika (1989-92). Retornou à Rússia em 1997-98 para completar a pesquisa de sua tese de doutorado, defendida na Universidade Federal Fluminense em março de 1999. Atualmente, ministra palestras em universidades sobre a história da URSS/Rússia.

"Um trabalho pioneiro na historiografia brasileira." � Jornal do Brasil