Por G1 BA


Elsimar Coutinho, morre aos 90 anos; médico estava internado após complicações da Covid-19

Elsimar Coutinho, morre aos 90 anos; médico estava internado após complicações da Covid-19

O médico Elsimar Metzker Coutinho, de 90 anos, que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, morreu nesta segunda-feira (17), após complicações da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do médico.

Elsimar Coutinho foi internado no dia 20 de julho, no Hospital Aliança, em Salvador, após apresentar caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave, decorrente da Covid-19. Quase 10 dias depois, ele foi transferido para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

O governador da Bahia, Rui Costa, lamentou a morte do médico e cientista e decretou luto no estado, na terça-feira (18). Rui chamou atenção para o trabalho de Elsimar, que se destacou nacional e internacionalmente na pesquisa da área de reprodução humana.

“O Brasil perdeu hoje um dos seus grandes cientistas. Uma das principais referências em reprodução humana do país, Elsimar Coutinho foi antes de tudo um homem inquieto, dedicado ao seu trabalho como médico e pesquisador, levando o nome da Bahia para todo o mundo. Para os pacientes, é a perda de um profissional brilhante e, para família e amigos, a dor da partida de um ente querido. Que Deus os conforte nesse momento tão triste para todos nós. Siga em paz, dr. Elsimar!”.

O prefeito de Salvador, ACM Neto, também lamentou a morte de Elsimar Coutinho.

ACM Neto diz que a Bahia e o Brasil perderam um patrimônio com a morte de Elsimar Coutinho

“A Bahia e Brasil perdem um patrimônio, uma inteligência rara, com essa triste partida do professor Elsimar Coutinho, cuja contribuição para a medicina e para a ciência é reconhecida em todo o planeta. Perdemos um dos grandes nomes da nossa história, uma pessoa que não tinha nenhuma vaidade e que veio ao mundo para servir. Sua dedicação à humanidade o fez publicar centenas de trabalhos científicos em revistas reconhecidas pela comunidade médica internacional. Que Deus possa confortar a todos os seus familiares e amigos".

Em nota, a Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde Elsimar Coutinho se formou em farmácia e medicina, lamentou a morte do cientista. A instituição destacou que "foi como professor e pesquisador da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) que Elsimar Coutinho iniciou os seus estudos sobre a progesterona e sua ação na prevenção do trabalho de parto prematuro e descreveu o efeito anticoncepcional da substância".

Situação de saúde

No dia 29 de julho ele foi transferido para o hospital em São Paulo. Lá, no dia 6 de agosto, Elsimar passou por um procedimento de traqueostomia, quando um tubo fino é colocado na garganta para permitir a passagem do ar. Por meio de nota, a assessoria do médico informou que o procedimento foi feito para que ele tivesse mais conforto no tratamento.

Elsimar Coutinho deixa esposa, cinco filhos, 12 netos e quatro bisnetos. O corpo dele vai sair de São Paulo para Salvador na terça-feira (18), às 6h, e será cremado às 15h no Cemitério Jardim da Saudade, em uma cerimônia restrita.

História

Médico Elsimar Coutinho morreu nesta segunda-feira (17), em São Paulo — Foto: Redes Sociais / Reprodução

Nascido em 18 de maio de 1930, na cidade de Pojuca, interior da Bahia, Elsimar era filho do médico Elsior Coutinho. Elsimar dizia que a profissão foi uma espécie de herança do pai que, além de médico, era farmacêutico e professor de farmacologia.

"Ele ensinava como extrair remédios das plantas, coisa que meu avô fazia, apesar de não ser formado. Meu avô era um prático da medicina e meu pai, com certeza, inspirou-se nele", disse Elsimar ao site institucional dele.

Seguindo os passos do pai, se formou primeiro em farmácia e bioquímica, em 1951, pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Quatro anos depois, em 1956, concluiu o curso de medicina na mesma universidade. Fez pós-graduação em Endocrinologia pela Universidade de Sorbonne, em Paris, França, e no Instituto Rockfeller, em Nova Iorque, EUA.

Foi no início desse processo de qualificação que o médico conheceu a relação entre os hormônios e a reprodução humana, o que o levou a pesquisas e a uma nova trajetória profissional na medicina.

Como professor e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Elsimar Coutinho fez uma das suas maiores descobertas. Nos anos 60, após observar pela primeira vez os efeitos da supressão da menstruação, o médico revelou a criação do primeiro anticoncepcional injetável de uso prolongado.

A divulgação do método gerou uma grande polêmica, mas ele continuou se dedicando às pesquisas na área e lançou outros importantes métodos contraceptivos injetáveis, pílulas para uso oral e vaginal e os implantes hormonais subcutâneos.

Segundo informações do site da clínica do médico, Elsimar Coutinho também desenvolveu uma série de medicamentos que vão desde fármacos para facilitar a gravidez até outros que impedem o parto prematuro e aborto espontâneo, além dos tratamentos de contracepção e de reposição hormonal em homens e mulheres.

Defensor do controle da natalidade por meio do planejamento familiar, criou o Centro de Pesquisa e Reprodução Humana (CEPARH), referência em reprodução humana. Além de atendimentos particulares e conveniados, o Centro atende gratuitamente pessoas carentes que necessitam de assistência em planejamento familiar.

Quando adoeceu, Elsimar Coutinho mantinha a vida profissional bastante ativa, atendendo nas quatro cidades onde a Clínica Elsimar Coutinho está presente, além de ser membro de mais de 20 entidades de pesquisas médicas no Brasil e no exterior e Conselheiro e Diretor do Programa de Pesquisa em Reprodução Humana da Organização Mundial de Saúde.

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