Quem já passou pelas Estradas Santa Inês ou Roseira, rumo a Serra da Cantareira certamente já se deparou com áreas desmatadas, construções que surgem “do dia para a noite”, acúmulo de lixo nas margens da estrada, enfim, cenários que não combinam em nada com a beleza e preciosidade da Serra. Porém, recentemente uma reportagem da Rede Globo chocou milhares de pessoas ao denunciar os crimes ambientais que vêm sendo praticados em plena área de preservação ambiental: as vendas irregulares de terrenos.

O que mais chamou atenção na reportagem é a maneira como as imobiliárias instaladas na região da Serra fazem para atuar de forma clandestina, ilegal e criminosa, onde além de vender os terrenos, ainda ensinam como desmatar sem licença. Isso porque, a Serra da Cantareira hoje é um dos poucos remanescentes de Mata Atlântica, e é também a maior floresta urbana e nativa do mundo, devendo portanto, ser preservada.

Segundo a reportagem da Globo, a corretora de uma imobiliária explica claramente como é possível desmatar “Tem um senhor que a gente contrata ele, ele vai tirando por dia um pouquinho. Se você for esperar a aprovação, não tira nunca aqui”, diz.

Questionada pela reportagem da emissora, a policia ambiental explica que no ano passado fez 1.200 vistorias na mata. A cada 15 dias um helicóptero da PM sobrevoa trechos da Serra da Cantareira à procura de novos desmatamentos. Se uma construção ilegal é flagrada, o dono pode ser processado e multado. O valor mínimo é de R$500,00.

“Toda a semana nós fazemos operações específicas na Serra da Cantareira como em bloqueios para evitar que caminhões entrem ou saiam com areia ou com entulho”, diz o capitão Ferreira Filho, Polícia Ambiental.

A Serra abriga também muitas chácaras e condomínios de luxo, os quais atraem muitas pessoas para festas principalmente de casamento e aniversário deixando um rastro de lixo espalhado pelas margens da estrada.

 A especulação imobiliária na região da Serra é crescente, tanto é que, placas anunciando vendas de áreas estão por toda a parte. Ao redor do Parque da Cantareira também pode ser vista a expansão comercial. O grande temor é que a ocupação irregular e as vendas ilegais de terrenos forcem a crescente urbanização na Serra causando grandes impactos ambientais, como a ameaça ao sistema produtor de água, o qual trata a água que abastece a nossa região e também grande parte da capital paulista.

Por estar numa região de divisa, três municípios têm responsabilidade sobre a região. São eles: Mairiporã, Caieiras e São Paulo. Aos três cabe fazer a fiscalização e adotar medidas preventivas e de combate aos crimes ambientais praticados.