Por Denise Soares, G1 MT


Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, é alvo de buscas determinadas pelo STF em Sinop — Foto: Aprosoja Brasil

O produtor rural Antonio Galvan é alvo, nesta sexta-feira (20), de mandado de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em Mato Grosso. A ação investiga incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia.

Galvan gravou um vídeo afirmando que os policiais federais não encontraram nada de ilícito em sua casa.

"A Polícia Federal esteve na minha casa nesta sexta-feira (20), em Sinop, e os policiais foram muito gentis. Nada encontraram, nada levaram".

Segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, Galvan e outros investigados têm convocado a população a praticar "atos criminosos e violentos de protesto". O despacho diz ainda que, em 13 de agosto deste ano, a Aprosoja sediou um encontro em que Sérgio Reis faz cobranças em 'tom de ameaça' aos ministros do STF.

Além disso, segue o documento, Galvan possivelmente patrocinaria uma paralisação planejada por Zé Trovão, outro dos investigados no inquérito.

Galvan é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), cargo que ocupou até dezembro de 2020.

Os policiais cumpriram o mandado de busca em Sinop, no norte de Mato Grosso. Eles buscavam equipamentos eletrônicos e outros materiais que pudessem ajudar na investigação.

A associação negou que incentiva atos violentos, invasão ao STF ou que patrocina protestos. (Veja a nota na íntegra logo abaixo).

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Ao todo, 13 mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes e atendem a um pedido da subprocuradora Lindora Araújo, da Procuradoria-Geral da República (PGR). Houve buscas em propriedades do cantor Sérgio Reis e no gabinete de Otoni na Câmara (veja abaixo).

Após o vazamento de um áudio em que Sérgio Reis defende a paralisação de caminhoneiros para pressionar o Senado a afastar ministros do STF, subprocuradores-gerais pediram à Procuradoria da República, no Distrito Federal, a abertura de investigação a respeito do caso.

Na decisão, Moraes cita que Sérgio Reis foi gravado em um vídeo discursando ao lado dos outros alvos da ação da PF, sendo um deles o presidente da Aprosoja Brasil, além de 23 empresários do agronegócio.

A reunião ocorreu no dia 13 de agosto na sede da Aprosoja Brasil, em Brasília (DF).

Nota divulgada um dia antes da ação policial

Com o objetivo de levar esclarecimento à sociedade a respeito de notícias publicadas em veículos de circulação nacional sobre manifestações marcadas para o dia 7 de setembro de 2021, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) declara que:

• não financia e tampouco incentiva a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) ou quaisquer atos de violência contra autoridades, pessoas, órgãos públicos ou privados em qualquer cidade do País.

• sempre defendeu de forma peremptória o Estado Democrático de Direito e o equilíbrio entre os Poderes da República e continuará a ter a mesma postura republicana em defesa do pleno funcionamento das instituições e o respeito aos representantes das esferas de poder no País. É missão da entidade, inclusive, cooperar com os órgãos oficiais.

• há mais de 30 anos representando de forma legítima 240 mil sojicultores e suas famílias, a entidade não concorda e não apoia manifestações que preguem trancamento de rodovias, ações desordeiras e outras quaisquer que prejudiquem o abastecimento de alimentos, medicamentos e bens essenciais à população, bem como seu direito de ir e vir.

• historicamente, a Aprosoja Brasil somente apoiou movimentos pacíficos e em conformidade com a Carta Constitucional brasileira.

• todos os recursos da Aprosoja Brasil são destinados e utilizados exclusivamente em atividades que tenham pertinência com seus objetivos estatutários, visando sempre a defesa dos interesses dos produtores de soja. As contas da entidade são integralmente auditadas para que o mais alto nível de ética e compliance seja alcançado.

Portanto, a associação não possui qualquer ligação com atos que defendam “invadir” ou “quebrar” o STF, não responde institucionalmente pela organização de nenhum movimento e repudia qualquer publicação que vincule a associação a movimentos violentos ou ilegais.

Ação

“O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”, afirmou a PF, em nota.

A GloboNews apurou que há indícios de ameaças a ministros do STF, a senadores e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Os alvos são:

  • Sérgio Bavini (Sérgio Reis, no nome artístico);
  • Otoni Moura de Paulo Júnior, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ);
  • Alexandre Urbano Raitz Petersen;
  • Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil);
  • Bruno Henrique Semczeszm;
  • Eduardo Oliveira Araújo;
  • Juliano da Silva Martins;
  • Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé́ Trovão;
  • Turíbio Torres;
  • Wellington Macedo de Souza.

Moraes determinou que todos os investigados, à exceção de Otoni, não podem se aproximar da Praça dos Três Poderes.

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